Rivian Reduz Previsão de Entregas para 2025 em Meio a Tarifas de Trump e Incertezas Comerciais

Rivian Enfrenta Ventos Contrários: Tarifas e Guerras Comerciais Impactam Entregas
A Rivian Automotive (RIVN), fabricante de veículos elétricos (EVs), anunciou uma redução em sua previsão de entregas para 2025, citando o impacto das tarifas impostas pelo governo de Donald Trump e as incertezas geradas pelas guerras comerciais. A empresa agora espera entregar entre 40.000 e 46.000 veículos este ano, uma queda em relação à projeção anterior de 46.000 a 51.000 unidades. Essa revisão reflete os desafios que a indústria automotiva, especialmente o setor de EVs, enfrenta em um cenário de crescente protecionismo e volatilidade nas políticas comerciais globais.
Apesar de produzir 100% de seus veículos nos Estados Unidos e obter a maior parte de seus materiais de fontes domésticas ou compatíveis com o Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA), a Rivian não está imune às políticas tarifárias. O CEO e fundador da Rivian, RJ Scaringe, alertou que as tarifas podem aumentar o custo por veículo em "alguns milhares" de dólares. Essa pressão nos custos ocorre em um momento em que, segundo Scaringe, os "clientes estão hesitantes em fazer compras de alto valor e estão mais sensíveis a preços do que historicamente estiveram".
Resultados do Primeiro Trimestre e Impacto Financeiro das Tarifas na Rivian
A notícia da redução na previsão de entregas veio junto com a divulgação dos resultados financeiros do primeiro trimestre de 2025 da Rivian. A empresa reportou um lucro bruto de US$ 206 milhões, marcando seu segundo trimestre consecutivo de lucratividade bruta. Esse marco financeiro é significativo, pois desbloqueia um investimento esperado de US$ 1 bilhão do Volkswagen Group como parte de sua joint venture, prevista para ser finalizada até 30 de junho de 2025. No primeiro trimestre, a Rivian produziu 14.611 veículos e entregou 8.640 unidades.
No entanto, o impacto das tarifas também se reflete nas projeções de despesas de capital da Rivian, que foram elevadas para entre US$ 1,8 bilhão e US$ 1,9 bilhão. Apesar dos desafios, a Rivian manteve sua previsão de EBITDA ajustado, esperando uma perda entre US$ 1,7 bilhão e US$ 1,9 bilhão, e ainda espera alcançar um modesto lucro bruto positivo para o ano de 2025. A empresa também planeja manter o preço de seu futuro SUV acessível, o Rivian R2, em US$ 45.000, apesar das incertezas tarifárias.
Estratégias da Rivian e o Cenário Mais Amplo dos Veículos Elétricos
A Rivian tem se esforçado para otimizar seus custos, alcançando uma redução de US$ 22.600 no custo dos produtos vendidos por veículo entregue em comparação com o primeiro trimestre de 2024. A empresa também está progredindo no desenvolvimento do modelo R2, com construções de validação de design em andamento e a expansão de sua fábrica em Normal, Illinois, seguindo o cronograma para iniciar a produção no primeiro semestre de 2026. Recentemente, a Rivian anunciou planos de investir mais de US$ 120 milhões na construção de um parque de fornecedores em sua unidade de Normal.
A situação da Rivian ilustra um desafio mais amplo para o setor de veículos elétricos. As políticas comerciais e as tarifas podem afetar significativamente os custos de produção e a demanda do consumidor. Outras fabricantes, como a Lucid Motors, também reconheceram o aumento dos custos devido às tarifas, embora mantenham suas metas de produção. A Tesla, por outro lado, pode se beneficiar de sua produção doméstica nos EUA, o que a protege de algumas dessas pressões tarifárias. O governo Trump tem visado os veículos elétricos, buscando reverter subsídios e promover motores a combustão, o que adiciona outra camada de incerteza para o setor. A China, em resposta às tarifas dos EUA, tem buscado aprofundar a cooperação econômica com a União Europeia, especialmente no setor de VEs.
O Futuro da Rivian em um Mercado em Transformação
Apesar dos ventos contrários, RJ Scaringe já havia comentado anteriormente que a cadeia de suprimentos centrada nos EUA da Rivian poderia oferecer uma vantagem competitiva em meio às tarifas automotivas de Trump. A empresa também pode ter um "ás na manga" com um estoque de baterias que teria acumulado antes das eleições, o que poderia ajudar a mitigar as pressões de preços. No entanto, a declaração de Scaringe de que "90% a 95% da cadeia de suprimentos [para EVs] não existe" ressalta a fragilidade e os desafios de longo prazo para a indústria de veículos elétricos como um todo.
O mercado de veículos elétricos continua a evoluir rapidamente, com novas startups surgindo e enfrentando a concorrência de montadoras tradicionais. O sucesso da Rivian e de outras empresas de VEs dependerá de sua capacidade de navegar por um cenário complexo de desafios econômicos, políticos e da cadeia de suprimentos, ao mesmo tempo em que continuam a inovar e a atrair consumidores. A trajetória da Rivian nos próximos meses será um indicador importante da resiliência e adaptabilidade do setor de veículos elétricos frente às crescentes pressões globais.
