Primeiros Passos com Ansible no Red Hat Linux: Um Guia Abrangente

Por Mizael Xavier
Primeiros Passos com Ansible no Red Hat Linux: Um Guia Abrangente

Desvendando o Ansible para Red Hat Linux

O Ansible, uma ferramenta de automação de TI de código aberto mantida pela Red Hat, simplifica tarefas complexas como gerenciamento de configuração, provisionamento de software, orquestração de fluxos de trabalho e implantação de aplicações. Especialmente em ambientes Red Hat Enterprise Linux (RHEL), o Ansible se destaca por sua eficiência e facilidade de uso, operando sem a necessidade de agentes nos nós gerenciados, o que simplifica significativamente a implementação. A comunicação é tipicamente realizada via SSH. Este guia explora os fundamentos para iniciar com o Ansible no RHEL, desde a instalação até a execução de suas primeiras automações.

Por que Ansible no Ambiente Red Hat?

A combinação do Ansible com o RHEL oferece uma plataforma robusta para automação. O RHEL é conhecido por sua estabilidade e segurança em ambientes corporativos, enquanto o Ansible complementa essas características ao permitir a padronização e a automação de processos. Isso resulta em maior eficiência operacional, redução de erros manuais e a capacidade de gerenciar infraestruturas complexas de forma consistente. A Red Hat Ansible Automation Platform estende as capacidades do Ansible com funcionalidades empresariais e suporte.

Instalando o Ansible no Red Hat Enterprise Linux

A instalação do Ansible em um sistema RHEL pode ser realizada de algumas maneiras, sendo a mais comum através do gerenciador de pacotes YUM ou DNF. Geralmente, é necessário habilitar repositórios específicos, como o repositório do Ansible Engine, para ter acesso aos pacotes mais recentes.

Antes de iniciar a instalação, é crucial garantir que o sistema RHEL esteja registrado e com as subscrições ativas, caso esteja utilizando os repositórios oficiais da Red Hat. Os passos básicos geralmente envolvem:

  1. Atualizar os pacotes do sistema.
  2. Habilitar o repositório necessário para o Ansible (por exemplo, usando `subscription-manager repos --enable`).
  3. Instalar o Ansible usando o comando `sudo yum install ansible` ou `sudo dnf install ansible`.
  4. Verificar a instalação com o comando `ansible --version`.

Para usuários que necessitam da versão de desenvolvimento ou desejam instalar a partir do código-fonte, essa opção também está disponível, envolvendo clonar o repositório Git do Ansible e compilar a partir dele.

Componentes Fundamentais do Ansible

Para utilizar o Ansible de forma eficaz, é importante compreender seus componentes principais:

  • Nó de Controle (Control Node): É a máquina onde o Ansible está instalado e de onde os comandos e playbooks são executados. Quase qualquer máquina do tipo UNIX com Python instalado pode servir como um nó de controle.
  • Nós Gerenciados (Managed Nodes): São os servidores ou dispositivos que o Ansible gerencia. Não é necessário instalar o Ansible nesses nós, mas geralmente eles precisam ter Python para executar os módulos enviados pelo nó de controle.
  • Inventário (Inventory): É um arquivo (geralmente em formato INI ou YAML) que lista os nós gerenciados. Ele organiza os hosts em grupos e pode definir variáveis específicas para hosts ou grupos. O arquivo de inventário padrão geralmente está localizado em `/etc/ansible/hosts`.
  • Módulos (Modules): São pequenas unidades de código que o Ansible envia para os nós gerenciados para executar tarefas específicas, como instalar um pacote, gerenciar um serviço ou copiar arquivos. O Ansible possui uma vasta biblioteca de módulos e também permite a criação de módulos customizados.
  • Playbooks: São arquivos YAML que descrevem um conjunto de tarefas a serem executadas em um grupo de hosts. Eles são o coração da automação com Ansible, permitindo orquestrar configurações complexas e implantações de múltiplos passos.
  • Tarefas (Tasks): Definem uma ação a ser aplicada a um nó gerenciado, geralmente invocando um módulo.
  • Plays: Um conjunto ordenado de tarefas mapeadas para hosts específicos dentro de um playbook.

Trabalhando com o Ansible: Comandos Ad-Hoc e Playbooks

Comandos Ad-Hoc do Ansible

Comandos ad-hoc são comandos simples e de linha única que o Ansible pode executar para realizar tarefas rápidas em um ou mais nós gerenciados, sem a necessidade de criar um playbook. São úteis para verificações rápidas, reinicialização de serviços ou coleta de informações.

A estrutura básica de um comando ad-hoc é: `ansible [padrão_de_host] -m [módulo] -a "[argumentos_do_módulo]"`.

Por exemplo, para verificar a conectividade com todos os servidores no grupo `webservers` usando o módulo `ping`:

ansible webservers -m ping

Para instalar o pacote `nginx` em servidores CentOS do grupo `webservices` usando o módulo `yum`:

ansible webservices -m yum -a "name=nginx state=present"

É importante prestar atenção às regras de cotação do shell ao usar comandos ad-hoc para garantir que as variáveis sejam passadas corretamente para o Ansible.

Criando e Executando Playbooks do Ansible

Para automações mais complexas e reutilizáveis, os Playbooks são a ferramenta ideal. Eles são escritos em YAML, um formato de serialização de dados legível por humanos.

Um playbook básico possui a seguinte estrutura:

---
- name: Exemplo de Playbook Básico
  hosts: webservers
  become: true  # Permite a escalada de privilégios (ex: sudo)
  tasks:
    - name: Instalar o servidor web Apache
      ansible.builtin.yum: # Ou ansible.builtin.apt para sistemas baseados em Debian
        name: httpd
        state: present

    - name: Garantir que o serviço Apache esteja iniciado e habilitado
      ansible.builtin.service:
        name: httpd
        state: started
        enabled: true

Principais conceitos em Playbooks:

  • `hosts`: Especifica os servidores ou grupos de servidores alvo.
  • `tasks`: Lista as ações que o Ansible realizará.
  • `become`: Permite a execução de tarefas com privilégios elevados.
  • `name`: Descrições legíveis por humanos para plays e tasks.
  • Módulos: (ex: `ansible.builtin.yum`, `ansible.builtin.service`) São invocados dentro das tarefas para realizar as ações.
  • Idempotência: Uma característica fundamental do Ansible, onde executar um playbook múltiplas vezes garante o estado desejado sem realizar mudanças desnecessárias após a primeira execução bem-sucedida.

Para executar um playbook, utiliza-se o comando `ansible-playbook`:

ansible-playbook -i meu_inventario.ini meu_playbook.yml

Onde `meu_inventario.ini` é o arquivo de inventário e `meu_playbook.yml` é o arquivo do playbook.

Vantagens da Automação com Ansible em Servidores Linux Red Hat

A utilização do Ansible em servidores RHEL proporciona inúmeros benefícios:

  • Simplicidade e Facilidade de Uso: A sintaxe YAML dos playbooks é fácil de aprender e ler.
  • Automação sem Agentes: Não há necessidade de instalar software cliente nos nós gerenciados, simplificando a configuração e reduzindo a sobrecarga.
  • Eficiência Operacional: Automatiza tarefas repetitivas, liberando tempo para atividades mais estratégicas.
  • Consistência e Padronização: Garante que os sistemas sejam configurados de forma idêntica, reduzindo a ocorrência de erros devido a configurações divergentes.
  • Escalabilidade: Gerencia desde poucos servidores até milhares com a mesma facilidade.
  • Integração com o Ecossistema Red Hat: Sinergia com outras soluções Red Hat, como o Red Hat OpenShift e o Red Hat Satellite.
  • Infraestrutura como Código (IaC): Os playbooks podem ser versionados e gerenciados como código, promovendo práticas de DevOps.

O Ansible é uma ferramenta poderosa que, quando combinada com a robustez do Red Hat Enterprise Linux, capacita as equipes de TI a automatizar, gerenciar e escalar suas infraestruturas de forma eficiente e confiável. A Red Hat Ansible Automation Platform oferece ainda mais recursos para empresas que buscam padronizar e escalar suas iniciativas de automação.


Para mais informações e tutoriais detalhados, consulte a documentação oficial do Ansible e os recursos de aprendizado da Red Hat.

Mizael Xavier

Mizael Xavier

Desenvolvedor e escritor técnico

Ver todos os posts

Compartilhar: