Porns AI: A Nova Fronteira da Inteligência Artificial e Suas Implicações

Por Mizael Xavier
Porns AI: A Nova Fronteira da Inteligência Artificial e Suas Implicações

Porns AI: Desvendando a Pornografia Gerada por Inteligência Artificial

A inteligência artificial (IA) tem revolucionado inúmeros setores, e a indústria do entretenimento adulto não é exceção. "Porns AI", ou pornografia gerada por IA, refere-se a conteúdo sexualmente explícito criado através de algoritmos de IA, como Redes Generativas Adversariais (GANs) e modelos de difusão. Essa tecnologia permite a criação de imagens e vídeos hiper-realistas, muitas vezes personalizados de acordo com as preferências do usuário, desafiando as noções tradicionais de produção e consumo de pornografia.

Como Funciona a Tecnologia por Trás do "Porns AI"?

A criação de "porns AI" envolve principalmente duas arquiteturas de aprendizado profundo:

Redes Generativas Adversariais (GANs) e "Porns AI"

As GANs consistem em duas redes neurais que competem entre si: o gerador e o discriminador. O gerador cria novas amostras de dados (neste caso, imagens ou vídeos pornográficos) a partir de um ruído aleatório ou de uma imagem base. O discriminador, por sua vez, é treinado para distinguir entre os dados reais (imagens ou vídeos pornográficos existentes) e os dados falsos gerados. Através desse processo competitivo, o gerador aprende a criar conteúdo cada vez mais realista, a ponto de enganar o discriminador. As GANs são conhecidas por sua capacidade de gerar imagens de alta qualidade e até mesmo reconstruir partes perdidas de uma imagem ou melhorar a resolução de vídeos.

Modelos de Difusão e "Porns AI"

Os modelos de difusão são outra abordagem poderosa para a geração de imagens. Eles funcionam adicionando gradualmente ruído a uma imagem de treinamento até que ela se torne puro ruído gaussiano (processo de difusão direta). Em seguida, o modelo é treinado para reverter esse processo, removendo o ruído passo a passo para reconstruir a imagem original ou gerar novas variações (processo de difusão reversa). Essa técnica permite a criação de imagens altamente detalhadas e realistas a partir de um "ruído" inicial, guiada por prompts de texto. Ferramentas populares de IA generativa como DALL-E 2 e Stable Diffusion utilizam modelos de difusão. O Stable Diffusion, por ser de código aberto, permite que os usuários criem modelos personalizados, inclusive para conteúdo NSFW (Not Safe For Work), ou seja, conteúdo adulto.

As Implicações Éticas e Legais do "Porns AI"

A ascensão do "porns AI" levanta sérias questões éticas e legais, principalmente relacionadas ao consentimento, privacidade e direitos autorais.

Deepfakes Pornográficos Não Consensuais

Uma das maiores preocupações é a criação e disseminação de deepfakes pornográficos não consensuais. Deepfakes são mídias sintéticas onde a imagem ou voz de uma pessoa é substituída pela de outra, com um realismo impressionante. No contexto pornográfico, isso se traduz na criação de vídeos ou imagens sexuais falsas de indivíduos sem o seu consentimento, o que configura uma grave violação de privacidade e pode causar danos psicológicos e sociais devastadores às vítimas, majoritariamente mulheres e meninas. Estima-se que 96% dos deepfakes online sejam pornográficos e não consensuais. Esse tipo de conteúdo é classificado como "abuso sexual baseado em imagem" (Image-Based Sexual Abuse - IBSA).

Legislação e Combate aos Deepfakes Pornográficos

Diversos países estão buscando formas de legislar sobre o tema. No Reino Unido, o Online Safety Act de 2023 tornou ilegal o compartilhamento de deepfakes pornográficos não consensuais, mas não a sua criação. A Coreia do Sul, por outro lado, criminaliza a criação, o compartilhamento e até mesmo o consumo de pornografia deepfake. A União Europeia tem adotado medidas para que as plataformas online removam rapidamente materiais íntimos não consensuais. No Brasil, projetos de lei como o PL 3902/2023 buscam criminalizar o uso de deepfakes para abuso sexual, alterando o Marco Civil da Internet. Outros projetos, como o PL 5722/2023 e o PL 5721/2023, visam aumentar as penas para quem utiliza IA para criar ou modificar conteúdos digitais com o intuito de prejudicar ou humilhar as vítimas. A Lei Carolina Dieckmann (Lei nº 12.737/2012) já aborda crimes cibernéticos relacionados à violação de privacidade. Recentemente, foi aprovado um projeto de lei que aumenta a pena para crimes que utilizam IA contra mulheres, incluindo a criação de deepfakes para violência psicológica.

O combate aos deepfakes envolve tanto o desenvolvimento de tecnologias de detecção quanto a educação digital para que as pessoas aprendam a identificar esses conteúdos falsos.

Políticas de Conteúdo de Ferramentas de IA

Plataformas de geração de imagem por IA como DALL-E, da OpenAI, possuem políticas restritivas quanto à geração de conteúdo adulto, violento ou que incite o ódio. Elas se esforçam para filtrar dados de treinamento explícitos e recusam prompts que violem suas políticas, como pedidos envolvendo figuras públicas. No entanto, modelos de código aberto como o Stable Diffusion podem ser modificados para gerar conteúdo NSFW, e existem plataformas e modelos personalizados especificamente para esse fim, como o PornX e o Candy AI. O CivitAI, um popular repositório de modelos de IA, recentemente atualizou sua política de conteúdo para proibir certos tipos de imagens explícitas geradas por IA.

O Futuro do "Porns AI"

A pornografia gerada por IA está em ascensão e continua a evoluir rapidamente. Ela oferece novas possibilidades de personalização e imersão, mas também apresenta desafios significativos. O debate sobre como equilibrar a inovação tecnológica com a responsabilidade ética e a proteção dos indivíduos é crucial e deve envolver legisladores, empresas de tecnologia e a sociedade civil. A conscientização sobre os riscos, especialmente em relação à violência digital e ao abuso sexual baseado em imagens, é fundamental para mitigar os danos potenciais dessa nova tecnologia.

Mizael Xavier

Mizael Xavier

Desenvolvedor e escritor técnico

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