Perícia Tardia: Morte de Adolescente na Baixada Santista

A Morta de Fábio Cardoso e a Perícia Realizada Quase um Ano Depois
Em janeiro de 2025, quase um ano após sua morte, a perícia finalmente ocorreu no local onde Fábio Cardoso de Araújo, de 16 anos, foi morto em um suposto confronto com a Polícia Militar na comunidade Vila Voturá, na Baixada Santista. Essa demora inexplicável gerou grande polêmica e levantou sérias questões sobre a conduta da investigação.

O Contexto da Operação Verão
A morte de Fábio ocorreu durante a Operação Verão, uma operação policial de grande escala na região. A PM alegou que houve um confronto em uma área conhecida pelo tráfico de drogas, e que a região foi isolada. No entanto, a ausência de uma perícia imediata contradiz essa versão, alimentando suspeitas de irregularidades.
A Falta de Preservação da Cena do Crime
A demora na realização da perícia teve consequências graves. Quando o perito finalmente chegou ao local, em janeiro de 2025, a cena do crime não estava preservada, impossibilitando uma reconstituição precisa dos fatos. O laudo pericial se limitou a uma descrição das ruas próximas e fotos, sem conseguir determinar o local exato do tiroteio.
As Acusações e o Arquivamento do Caso
Três policiais militares foram acusados: o sargento Luiz Henrique da Silva Goes, e os soldados Rafael Araújo Paixão e Giovanni Belline. Eles alegaram ter reagido após avistar dois indivíduos correndo, um deles supostamente armado. Fábio foi atingido por dois disparos de pistola .40 no abdômen e morreu no hospital. Apesar de inúmeras investigações, incluindo o depoimento de 92 pessoas, análise de 330 filmagens e 167 interrogatórios, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) arquivou o caso em abril de 2025, juntamente com outros inquéritos relacionados às operações Escudo e Verão, que resultaram em 84 mortes na Baixada Santista.
A Necessidade de Transparência e Investigação Rigorosa
O caso de Fábio Cardoso de Araújo destaca a urgente necessidade de maior rigor e transparência nas investigações de mortes envolvendo policiais militares. A demora na perícia, a falta de investigação aprofundada e o arquivamento em massa levantam sérias preocupações sobre a eficácia do sistema de justiça e a proteção dos direitos humanos. A ausência de explicações convincentes para a demora na perícia, a falta de preservação da cena do crime e o arquivamento do caso sem uma investigação completa geram desconfiança na justiça e exigem uma apuração mais profunda dos fatos.
Questionamentos e Implicações
A demora de quase um ano para a realização da perícia levanta diversas questões: Houve uma ordem para não realizar a perícia imediatamente? Quais foram as razões para essa demora? A falta de preservação da cena do crime comprometeu irremediavelmente a investigação? A versão dos policiais foi devidamente questionada e investigada? O arquivamento do caso em massa, incluindo o de Fábio, demonstra uma falha sistêmica na investigação de mortes envolvendo policiais?
Conclusão: A Busca por Justiça e Responsabilidade
O caso de Fábio Cardoso de Araújo é um exemplo alarmante da falta de transparência e da necessidade de reformas urgentes no sistema de investigação de mortes envolvendo policiais. A busca por justiça e responsabilização exige uma investigação rigorosa, imparcial e transparente, com a preservação da cena do crime e a coleta de todas as provas necessárias para esclarecer os fatos. A sociedade precisa exigir mais do sistema de justiça para garantir que casos como este não fiquem impunes.
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