O Traço Em sob Suspeita Injusta

O Traço Em sob Suspeita Injusta

No vasto universo da pontuação, poucos caracteres provocam tantos debates e levantamentos de sobrancelhas quanto o traço em (—). É uma ferramenta tipográfica elegante e versátil, capaz de injetar clareza e ritmo em frases de maneiras que vírgulas e parênteses simplesmente não conseguem. No entanto, como apontou o influente jornal canadense The Globe and Mail, este humilde — mas poderoso — sinal de pontuação tem atraído uma quantidade injusta de desconfiança e até desprezo. Afinal, por que um aliado tão útil da escrita estaria sob o fogo cruzado?

Um Caractere, Muitos Papéis

O traço em, conhecido em português como travessão, é um verdadeiro canivete suíço para escritores e jornalistas. Sua principal distinção, e a origem de sua força, reside na sua flexibilidade. Ele pode, por exemplo, indicar uma interrupção abrupta no pensamento, um súbito desvio de curso na frase — como se o autor estivesse falando diretamente com o leitor, com uma pausa dramática. Diferente dos parênteses, que tendem a isolar informações secundárias, o traço em confere um ar de urgência ou ênfase a um aparte.

Além disso, o traço em é mestre em introduzir listas ou elaborar uma ideia com um ar de conclusão. Pense na sua capacidade de resumir uma série de elementos anteriores ou de expandir sobre um ponto já feito — tudo com uma fluidez que a vírgula, por sua natureza mais leve, não consegue replicar. Essa multiplicidade de funções, paradoxalmente, parece ser a raiz de parte de sua má fama.

A Acusação do “Excesso” e da “Preguiça”

A crítica mais comum dirigida ao traço em é que ele é usado em excesso, tornando-se um tipo de “coringa” da pontuação. Escritores menos experientes, ou aqueles que buscam uma solução rápida, podem recorrer ao traço em para evitar a tarefa mais árdua de reestruturar uma frase, ou de escolher a pontuação mais precisa — seja uma vírgula, dois-pontos ou parênteses.

Essa percepção de “preguiça” transformou o traço em em um alvo fácil para puristas da gramática e editores que buscam a clareza e a precisão acima de tudo. Em alguns manuais de estilo e redações, ele é quase banido, ou seu uso é restrito a situações muito específicas. Argumenta-se que seu emprego indiscriminado pode quebrar o fluxo da leitura, criando um texto fragmentado e menos elegante.

O Veredito dos Especialistas: Clareza e Ritmo

No entanto, a defesa do traço em vem de muitos quadrantes. Editores e escritores experientes argumentam que, quando usado com discernimento, ele é uma ferramenta insubstituível para o estilo e a clareza. Ele pode adicionar um ritmo à prosa, guiando o leitor através de nuances de significado e ênfase que seriam perdidas com outras formas de pontuação.

A chave, como sempre na escrita, reside no propósito. O traço em não é um substituto universal, mas uma opção distinta com sua própria voz. Ele serve para destacar informações importantes, para criar um senso de digressão calculada, ou para introduzir um elemento surpresa. Sua força não está em ser a escolha mais óbvia, mas na sua capacidade de moldar a leitura de uma forma única.

Em Defesa do Traço Em: Equilíbrio e Consciência

A suspeita em torno do traço em é, em grande parte, injusta. Não é o caractere em si que é falho, mas seu uso equivocado ou excessivo. A solução não é banir o traço em, mas sim educar sobre seu emprego adequado. Assim como um chef não baniria uma faca por ser afiada demais, um escritor não deveria descartar o traço em por sua potência.

Jornalistas, em particular, podem se beneficiar enormemente de sua concisão e impacto. Em um ambiente onde cada palavra conta, o traço em oferece uma forma eficiente de inserir um pensamento lateral, um dado crucial ou uma conclusão sucinta sem a formalidade dos parênteses ou a suavidade das vírgulas. A questão não é “usar ou não usar”, mas “quando e por que usar”. Com consciência e um bom senso de ritmo, o traço em pode ser um aliado poderoso, e não um inimigo da boa escrita.

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