EUA Exigem 15% das Vendas de Chips de IA da Nvidia na China

EUA Exigem 15% das Vendas de Chips de IA da Nvidia na China

Em um movimento que redefine as fronteiras da política comercial e da soberania tecnológica, os Estados Unidos teriam chegado a um acordo inédito com gigantes da indústria de semicondutores como Nvidia e AMD. O pacto, noticiado por diversas fontes e confirmado por oficiais da Casa Branca, exige que as empresas paguem 15% da receita gerada pela venda de seus chips de inteligência artificial (IA) na China ao governo norte-americano. Essa condição sem precedentes é uma contrapartida para a concessão de licenças de exportação, permitindo que as companhias retomem as vendas no crucial mercado chinês.

Um Precedente Inédito na Guerra Tecnológica

O acordo surge como um capítulo ousado e controverso na já complexa rivalidade tecnológica entre Washington e Pequim. Tradicionalmente, licenças de exportação não envolvem pagamentos de receitas ao governo, tornando este arranjo particularmente incomum. A medida afeta especificamente os chips de IA de versão mais limitada, como o H20 da Nvidia e o MI308 da AMD, que foram desenvolvidos para o mercado chinês após restrições anteriores do governo dos EUA a chips mais avançados.

A decisão reflete uma nova dimensão na estratégia dos EUA de vincular concessões comerciais a pagamentos financeiros, uma abordagem que alguns analistas veem como um “capitalismo de Estado” emergente, onde o governo se insere cada vez mais nas decisões corporativas privadas. Para a Nvidia, uma das empresas mais valiosas do mundo e líder incontestável no mercado de chips de IA, a potencial receita do H20 na China poderia render ao governo dos EUA bilhões de dólares. Estima-se que, se as vendas de H20 retornassem aos níveis anteriores às restrições, a Nvidia poderia gerar cerca de US$15 bilhões em vendas, resultando em aproximadamente US$2,25 bilhões para o governo americano.

O Xadrez Geopolítico e a Dominância da IA

A imposição de tal taxa ocorre no pano de fundo de uma intensa guerra tecnológica, onde a supremacia em IA e semicondutores é vista como fundamental para a segurança nacional e a liderança global. Desde 2022, o Departamento de Comércio dos EUA tem implementado controles de exportação rigorosos, visando impedir o acesso da China a chips de IA de ponta que poderiam ser usados para modernizar suas forças armadas e avançar em tecnologias sensíveis.

As restrições iniciais levaram a Nvidia a criar versões “desvalorizadas” de seus chips carro-chefe, como o H20, especificamente para se adequar às regulamentações americanas e manter sua presença no vasto mercado chinês. No entanto, em abril de 2025, o governo dos EUA ampliou essas restrições, exigindo licenças especiais até mesmo para o H20, antes da recente inversão da política de exportação condicionada ao repasse de receita.

Impacto para a Nvidia e o Mercado Chinês

A Nvidia, por sua vez, tem reiterado que segue as regras estabelecidas pelo governo dos EUA para sua participação nos mercados globais. A empresa expressou a esperança de que as regras de controle de exportação permitam que a América "compita na China e em todo o mundo", enfatizando a demanda global por computação acelerada.

Enquanto isso, a China, diante das crescentes restrições, tem intensificado seus próprios esforços para alcançar a autossuficiência em semicondutores. Empresas chinesas como a Huawei, com seus próprios chips Ascend 910D, já estão ganhando participação de mercado e acelerando a inovação doméstica em resposta às barreiras americanas. Este acordo, ao mesmo tempo em que reabre o mercado para empresas americanas, pode paradoxalmente impulsionar ainda mais a determinação chinesa de desenvolver suas próprias tecnologias, reduzindo a dependência externa a longo prazo.

Questionamentos e Implicações Futuras

A legalidade e as implicações de longo prazo dessa "taxa de exportação" são motivo de debate. Alguns especialistas jurídicos e ex-funcionários do governo questionam a constitucionalidade de tal arranjo, notando que a Constituição dos EUA proíbe impostos sobre exportações. Há também a preocupação de que essa abordagem possa minar a própria lógica de segurança nacional por trás dos controles de exportação. Se os EUA estão dispostos a "negociar" a segurança nacional por ganhos financeiros, isso pode dificultar a persuasão de aliados para que adotem medidas semelhantes.

O futuro da relação comercial e tecnológica entre EUA e China permanece incerto. Este acordo sem precedentes pode ser um sinal de maior flexibilidade e pragmatismo, ou o início de uma era de intervencionismo governamental mais profundo no setor privado. De qualquer forma, ele ressalta a importância estratégica dos chips de IA e o papel central que desempenham na disputa por poder e inovação no cenário global.

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