Cultura Interna do Alan Turing Institute Sob Ataque

O The Alan Turing Institute, principal centro de pesquisa em inteligência artificial (IA) do Reino Unido, encontra-se no centro de uma tempestade. Funcionários atuais apresentaram uma queixa formal à Charity Commission, o órgão regulador de instituições de caridade do país, alegando sérias preocupações sobre a governança e a cultura interna da instituição. As denúncias pintam um quadro de uma organização em crise, com alegações de uma cultura de "medo, exclusão e defensividade" e falhas significativas na liderança.
As queixas, detalhadas em um relatório de denúncia, apontam para uma suposta incapacidade do conselho de curadores, presidido por Doug Gurr, ex-chefe da Amazon UK, de cumprir deveres legais fundamentais, como fornecer direção estratégica e garantir a prestação de contas. Entre as preocupações levantadas, destaca-se a alegação de que uma carta de desconfiança à liderança foi entregue no ano passado, mas não recebeu a devida atenção. A credibilidade do instituto, financiado substancialmente pelo estado e estabelecido em 2015 como o instituto nacional britânico para IA e ciência de dados, estaria "significativamente comprometida" junto a funcionários, financiadores e parceiros.
Pressão Governamental e Ameaças de Financiamento
A crise interna no The Alan Turing Institute surge em meio a uma intensa pressão do governo britânico. O secretário de Tecnologia, Peter Kyle, interveio no mês passado, exigindo uma reformulação da estratégia e da liderança do instituto. Fontes indicam que Kyle deixou claro que o apoio futuro do governo dependerá de melhorias na entrega e de mudanças na liderança, com um foco crescente em defesa e segurança nacional para as pesquisas do instituto. As denúncias dos funcionários ecoam essas preocupações, alertando que o instituto está "em perigo de colapso" devido às ameaças governamentais sobre seu financiamento.
Além da pressão oficial, o documento menciona "preocupações levantadas em particular" por parceiros da indústria não identificados, indicando que o financiamento do instituto está em risco. Este cenário se desenrola enquanto o Alan Turing Institute passa por uma reestruturação, que já resultou na notificação de risco de demissão para cerca de 50 funcionários, aproximadamente 10% de sua força de trabalho.
A Resposta do Instituto e o Contexto Maior
Em resposta às acusações, um porta-voz do The Alan Turing Institute afirmou que a Charity Commission não entrou em contato com a instituição sobre as queixas. O instituto também destacou que uma denúncia de irregularidade anterior, enviada no ano passado ao UK Research and Innovation (UKRI), órgão financiador do governo, resultou em uma investigação independente que não encontrou preocupações. No entanto, as novas queixas detalham uma falta de responsabilidade interna e externa sobre o uso dos fundos do ATI, e alegam que a liderança não supervisionou adequadamente uma série de saídas e nomeações de alto escalão.
A situação é agravada por críticas externas de think tanks proeminentes, como o Tony Blair Institute, que apontam falhas do Alan Turing Institute em acompanhar os rápidos desenvolvimentos na inteligência artificial generativa. A reputação de uma das instituições de IA mais importantes do Reino Unido está em jogo, e a forma como a liderança abordará essas sérias alegações de cultura e governança será crucial para seu futuro e para a posição do país no cenário global da IA.
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