Web3 do Zero: Funções Hash e Assinaturas Digitais

Por Mizael Xavier
Web3 do Zero: Funções Hash e Assinaturas Digitais

Desvendando a Web3: Uma Análise Profunda de Funções Hash e Assinaturas Digitais

A Web3, a próxima geração da internet, promete um futuro descentralizado, transparente e centrado no usuário. No cerne dessa revolução tecnológica estão conceitos criptográficos fundamentais que garantem a segurança, a integridade e a autenticidade das interações digitais. Entre eles, as funções hash e as assinaturas digitais desempenham papéis cruciais. Este artigo explora em profundidade esses dois pilares da Web3, com base no artigo "Learning Web3 From the Ground Up: Hash Functions & Digital Signatures" de Samantha Holstine.

A Essência das Funções Hash

Uma função hash é um algoritmo matemático que transforma uma entrada de dados de qualquer tamanho em uma saída de tamanho fixo, conhecida como valor hash ou simplesmente hash. Essa transformação é unidirecional, o que significa que é computacionalmente inviável reverter o processo e obter os dados originais a partir do hash. As funções hash possuem propriedades essenciais que as tornam indispensáveis na Web3:

  • Determinismo: Uma mesma entrada sempre produzirá o mesmo valor hash.
  • Eficiência de Cálculo: Calcular o hash de uma entrada é um processo rápido.
  • Resistência à Pré-imagem (Unidirecionalidade): É extremamente difícil encontrar a entrada original a partir de um valor hash.
  • Resistência à Segunda Pré-imagem: Dado uma entrada e seu hash, é difícil encontrar uma segunda entrada diferente que gere o mesmo hash.
  • Resistência à Colisão: É muito difícil encontrar duas entradas distintas que produzam o mesmo valor hash.

No contexto da Web3 e de tecnologias como blockchain, as funções hash são usadas extensivamente. Por exemplo, cada bloco em uma blockchain contém o hash do bloco anterior, criando uma cadeia interligada e imutável. Se alguém tentar alterar dados em um bloco antigo, o hash desse bloco mudará, o que invalidará todos os hashes dos blocos subsequentes, tornando a adulteração evidente.

Funções Hash Notáveis: SHA-256 e Keccak-256

Duas funções hash proeminentes no ecossistema Web3 são o SHA-256 (Secure Hash Algorithm 256-bit) e o Keccak-256.

O SHA-256, desenvolvido pela Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA) e publicado pelo Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST), produz um hash de 256 bits. Ele é amplamente utilizado em diversas aplicações de segurança, incluindo o protocolo Bitcoin.

O Keccak-256 é a função hash utilizada pela rede Ethereum. Embora o NIST tenha padronizado uma versão do Keccak como SHA-3, o Ethereum utiliza uma variação anterior do Keccak. O Keccak-256 também produz um hash de 256 bits e é fundamental para a segurança e o funcionamento dos contratos inteligentes e transações na Ethereum.

O Poder das Assinaturas Digitais

As assinaturas digitais são um mecanismo criptográfico que permite verificar a autenticidade e a integridade de dados digitais, de forma análoga a uma assinatura manuscrita em um documento físico. Elas fornecem garantias de:

  • Autenticidade: Confirmação da identidade do remetente.
  • Integridade: Certeza de que os dados não foram alterados desde a assinatura.
  • Não Repúdio: O remetente não pode negar ter assinado os dados.

O processo de assinatura digital geralmente envolve criptografia assimétrica, que utiliza um par de chaves: uma chave privada e uma chave pública. A chave privada é mantida em segredo pelo proprietário e usada para criar a assinatura. A chave pública pode ser compartilhada livremente e é usada para verificar a assinatura.

Na Web3, as assinaturas digitais são essenciais para autorizar transações e interações com aplicações descentralizadas (dApps). Quando um usuário deseja realizar uma ação, como transferir criptomoedas ou interagir com um contrato inteligente, ele assina a transação com sua chave privada. A rede pode então verificar a assinatura usando a chave pública correspondente, garantindo que a transação é legítima e autorizada pelo proprietário da conta.

Algoritmo de Assinatura Digital de Curva Elíptica (ECDSA)

Um algoritmo de assinatura digital amplamente utilizado, especialmente em criptomoedas como Bitcoin e Ethereum, é o ECDSA (Elliptic Curve Digital Signature Algorithm). O ECDSA baseia-se na matemática das curvas elípticas para gerar chaves e assinaturas. Ele é conhecido por oferecer um alto nível de segurança com chaves relativamente menores em comparação com outros algoritmos, como o RSA, o que o torna eficiente para uso em ambientes com recursos limitados.

O processo de assinatura com ECDSA envolve a chave privada do remetente e o hash dos dados a serem assinados. A verificação utiliza a chave pública do remetente, o hash dos dados e a assinatura. Se a verificação for bem-sucedida, confirma-se que a assinatura é válida e que os dados não foram adulterados.

A Interseção de Funções Hash e Assinaturas Digitais na Web3

Funções hash e assinaturas digitais trabalham em conjunto para garantir a segurança e a confiabilidade da Web3. Normalmente, em vez de assinar a totalidade dos dados de uma transação (que podem ser grandes), primeiro calcula-se o hash desses dados. Esse hash, que é uma representação compacta e única dos dados originais, é então assinado digitalmente. Esse processo é mais eficiente e igualmente seguro, pois qualquer alteração nos dados originais resultaria em um hash completamente diferente, invalidando a assinatura.

Essa combinação é fundamental para a integridade das blockchains. Cada transação é hasheada e assinada digitalmente antes de ser incluída em um bloco. Os blocos, por sua vez, são hasheados e encadeados, formando uma estrutura de dados segura e resistente a adulterações.

Conclusão: Construindo Confiança na Nova Web

As funções hash e as assinaturas digitais são mais do que meros componentes técnicos; são os alicerces da confiança na Web3. Ao fornecer mecanismos robustos para verificar a integridade dos dados e a autenticidade das identidades digitais, essas tecnologias criptográficas capacitam os usuários com maior controle e segurança sobre suas interações online. Compreender esses conceitos fundamentais é essencial para qualquer pessoa que deseje navegar e construir no promissor, porém complexo, cenário da Web3.

Mizael Xavier

Mizael Xavier

Desenvolvedor e escritor técnico

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