Vacinação contra a dengue no Brasil: Pessoas com HIV, transplantados e pacientes com câncer como grupos prioritários

Governo Federal considera incluir pessoas com HIV, transplantados e pacientes com câncer em grupos prioritários para vacinação contra a dengue
O Governo Federal brasileiro, por meio do Ministério da Saúde, está avaliando a inclusão de pessoas vivendo com HIV, indivíduos transplantados e pacientes com câncer nos grupos prioritários para a vacinação contra a dengue. Essa medida visa proteger populações mais vulneráveis aos efeitos da doença, que podem apresentar quadros mais graves devido à condição de imunocomprometimento.
A vacina Qdenga, desenvolvida pela farmacêutica japonesa Takeda, foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março de 2023 e incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS) em dezembro do mesmo ano. Inicialmente, a vacinação pelo SUS foi direcionada a crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, faixa etária com alto índice de hospitalização por dengue. No entanto, a Qdenga é aprovada pela Anvisa para uma faixa etária mais ampla, dos 4 aos 60 anos. A vacina é administrada em duas doses, com intervalo de três meses entre elas.
Justificativa para inclusão de novos grupos prioritários na vacinação contra a dengue
Pessoas com sistema imunológico comprometido, como portadores de HIV, transplantados (que utilizam medicamentos imunossupressores para evitar a rejeição do órgão) e pacientes em tratamento oncológico (quimioterapia ou radioterapia), estão mais suscetíveis a complicações e formas graves da dengue. A inclusão desses grupos na estratégia prioritária de vacinação representa um avanço na proteção da saúde pública e na equidade do acesso à prevenção.
A Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI) tem papel fundamental na definição das estratégias de vacinação no país, considerando o cenário epidemiológico e a disponibilidade de doses. As recomendações da CTAI são essenciais para embasar as decisões do Ministério da Saúde.
Desafios e perspectivas da vacinação contra a dengue no Brasil
Apesar da incorporação da vacina ao SUS, o Brasil enfrenta desafios como a baixa adesão à vacinação em algumas regiões e a capacidade limitada de produção de doses pelo fabricante. Em 2024, o país registrou um número recorde de casos e mortes por dengue. Para 2025, o Ministério da Saúde adquiriu 9,5 milhões de doses da Qdenga. O painel de monitoramento das arboviroses já registra números significativos de casos e óbitos em 2025, reforçando a importância da vacinação e de outras medidas de controle do vetor, o mosquito Aedes aegypti.
O Ministério da Saúde tem adotado estratégias para otimizar o uso das doses disponíveis, como a ampliação temporária da faixa etária em municípios com vacinas próximas ao vencimento. Além disso, existe a expectativa pela aprovação de uma nova vacina contra a dengue, desenvolvida pelo Instituto Butantan, que promete ser de dose única e ter produção nacional, o que poderia ampliar significativamente a cobertura vacinal no futuro. O Butantan já submeteu o pedido de registro à Anvisa.
Recomendações atuais e contraindicações da vacina Qdenga
Atualmente, a vacina Qdenga é contraindicada para gestantes, lactantes e pessoas com alergia grave a algum componente da vacina. A vacinação de pessoas imunocomprometidas deve ser avaliada caso a caso por um médico. Indivíduos que já tiveram dengue também podem e devem se vacinar, sendo recomendado aguardar seis meses após o início dos sintomas. A eficácia geral da Qdenga na prevenção de casos sintomáticos é de aproximadamente 80,2% após a segunda dose.
A ampliação dos grupos prioritários, incluindo pessoas com HIV, transplantados e pacientes com câncer, representa um passo importante para a saúde pública brasileira no enfrentamento da dengue, uma doença com grande impacto social e econômico.
