O universo das startups é dinâmico e altamente competitivo, exigindo agilidade, inovação e, crucialmente, a capacidade de validar ideias rapidamente sem esgotar recursos. Nesse cenário, as ferramentas no-code surgiram como uma revolução, permitindo que empreendedores criem aplicativos, websites e plataformas complexas sem a necessidade de escrever uma única linha de código. Essa abordagem democratiza o desenvolvimento tecnológico, mas levanta uma questão fundamental: como os investidores percebem as startups que optam por construir seus negócios sobre fundações no-code?
Tradicionalmente, a robustez tecnológica, muitas vezes associada ao desenvolvimento de software customizado, era um selo de qualidade para investidores. No entanto, o panorama está mudando. Durante um painel na No Code Week, especialistas como Mariam Hakobyan, cofundadora da Softr.io, e Eddy Widerker, da WeAreNoCode, compartilharam insights valiosos sobre essa transformação.
A aceitação de startups baseadas em ferramentas no-code pelo capital de risco tem crescido significativamente. Mariam Hakobyan relembrou que, há pouco tempo, "alguns investidores não acreditavam que se pudesse construir um aplicativo sem saber codificar". Essa descrença inicial está se dissipando à medida que mais empresas no-code não apenas lançam produtos viáveis, mas também captam rodadas de investimento expressivas.
Hakobyan destacou que a Softr.io, sua própria plataforma no-code, possui clientes que desenvolveram integralmente suas soluções e estão atualmente em processo de captação de recursos. Isso demonstra uma mudança de mentalidade: o foco está se deslocando da complexidade do código para a viabilidade do negócio. Embora ainda existam questionamentos, a jornada para o investimento tornou-se mais acessível para empreendedores no-code.
O que realmente atrai investidores experientes, segundo os painelistas, não é a linguagem de programação utilizada, mas sim a capacidade da startup de demonstrar tração e validação de mercado.
Mariam Hakobyan enfatizou que "bons investidores se importam com tração, em ver que você construiu algo que as pessoas estão dispostas a comprar e pagar". A discussão sobre a tecnologia ser proprietária ou desenvolvida internamente, para ela, parece um tanto antiquada no contexto atual. Nicolas Grenié, representante da Typeform e Videoask, complementou essa visão, afirmando que "ninguém precisa saber qual tecnologia você está usando no backend. Isso não está na cara do usuário". O importante é o produto funcional e a sua aceitação pelo público.
A ideia central é que a tecnologia é um meio, não um fim em si mesma. Empresas como Facebook ou Airbnb são negócios que utilizam plataformas tecnológicas, mas seu core não é serem "empresas de tecnologia" no sentido estrito. Da mesma forma, uma startup no-code pode ser uma empresa de negócios sólida, utilizando ferramentas no-code para entregar valor.
Doc Williams, da Brand Factory, citou o caso da The Hustle, uma newsletter e comunidade que foi adquirida pela HubSpot. A plataforma da The Hustle, antes da aquisição, operava com base em um grupo no Facebook e um site em WordPress – ferramentas que se enquadram no espectro no-code/low-code. Este exemplo ilustra que o valor percebido e a tração de mercado superam preocupações sobre a complexidade da tecnologia subjacente. O foco dos investidores, como aponta Williams, está nos números, no posicionamento e no potencial de crescimento.
A capacidade de validar uma ideia rapidamente e com baixo custo é uma das maiores vantagens das ferramentas no-code, um ponto crucial para atrair o interesse de investidores.
Eddy Widerker, da WeAreNoCode, que possui experiência com o ecossistema de venture capital em Los Angeles, ressaltou a importância de "educar os VCs" sobre os benefícios da validação ágil proporcionada pelo no-code. Se fundadores podem provar a viabilidade de um produto com uma fração do tempo e do dinheiro, isso representa uma mitigação de risco significativa para os investidores. Plataformas no-code, muitas vezes com custos mensais entre $50 e $100, permitem testes flexíveis e iterações rápidas, evitando grandes investimentos em produtos que podem não encontrar aderência no mercado.
Uma preocupação comum sobre startups no-code é a escalabilidade. No entanto, tanto Mariam Hakobyan quanto Eddy Widerker observaram que, mesmo startups que começam com código tradicional, frequentemente reconstroem suas plataformas ao atingirem estágios mais maduros, como uma rodada de investimento Série A. Portanto, começar com no-code para validar o conceito e o fluxo de usuários é uma estratégia inteligente. Uma vez que o produto principal e suas funcionalidades são validados, a transição para um stack tecnológico customizado, se necessária para escalar, torna-se uma decisão justificada e baseada em dados concretos de mercado. Como apontado por Widerker, "o longo vale da incerteza foi descoberto com no-code, e agora podemos direcionar o tempo de engenharia para algo que validamos".
A tendência é de um reconhecimento e investimento cada vez maiores em startups que utilizam soluções no-code. A chave para essas empresas é demonstrar um modelo de negócios robusto, uma clara adequação do produto ao mercado (product-market fit) e um potencial de crescimento escalável. A narrativa para os investidores deve focar na agilidade, na eficiência de capital e na capacidade de aprendizado rápido que o no-code proporciona.
A conversa está evoluindo de "você usou no-code?" para "você validou sua hipótese de forma eficaz e barata?". A capacidade de entregar um Produto Mínimo Viável (MVP) funcional rapidamente, coletar feedback real de usuários e iterar sobre o produto são trunfos poderosos.
As ferramentas no-code estão se consolidando como um caminho viável e cada vez mais respeitado para a criação e o crescimento de startups. A percepção dos investidores acompanha essa evolução, valorizando a tração, a validação de mercado e a eficiência na alocação de recursos que o no-code pode oferecer. Para empreendedores, o foco deve permanecer em construir um negócio de valor, resolver problemas reais de seus clientes e demonstrar potencial de crescimento. As ferramentas, sejam elas no-code ou código tradicional, são o meio para alcançar esses objetivos. Em um ambiente que preza pela velocidade e pela inovação, o no-code se apresenta não apenas como uma alternativa, mas como uma estratégia inteligente para transformar ideias em realidade e atrair o capital necessário para escalar.
Descubra os melhores extensores Wi-Fi de 2024! Análise completa de modelos TP-Link, ASUS, Linksys e Netgear para eliminar zonas mortas e melhorar sua internet.
Descubra os melhores monitores portáteis de 2024 para desenvolvimento web, design e produtividade. Análise completa dos top modelos, incluindo KYY, ViewSonic, Espresso e ASUS.
Descubra como o Lovable utiliza inteligência artificial para acelerar o desenvolvimento web, permitindo criar clones de sites e MVPs em minutos. Uma análise completa da ferramenta.