Dízimos e Ofertas: Uma Perspectiva Bíblica e o Coração do Doador

Dízimos e Ofertas: Uma Perspectiva Bíblica e o Coração do Doador

O tema de dízimos e ofertas é, sem dúvida, um dos mais debatidos e, por vezes, mal compreendidos dentro do contexto cristão. Para muitos, gera dúvidas, para outros, convicção. Como especialista didático e experiente, meu objetivo é apresentar uma palavra clara e profunda sobre o assunto, fundamentada nas Escrituras, que abranja tanto o Antigo quanto o Novo Testamento, priorizando sempre a essência da fé e a intenção do coração.

Dízimos e Ofertas: Qual a Diferença Fundamental?

É comum que as pessoas usem os termos 'dízimo' e 'oferta' de forma intercambiável, mas a Bíblia apresenta distinções importantes. Compreender essa diferença é o primeiro passo para uma prática de doação consciente e bíblica.

Dízimo: Fidelidade e Reconhecimento

A palavra "dízimo" significa "a décima parte" ou 10% . Sua prática antecede a Lei Mosaica, sendo primeiramente mencionada quando Abraão deu o dízimo a Melquisedeque (Gênesis 14:20) . No Antigo Testamento, sob a Lei, o dízimo era uma exigência divina para o povo de Israel, com propósitos específicos:

  • Sustento dos levitas e sacerdotes, que não possuíam herança de terra (Números 18:21) .
  • Manutenção do Templo e dos serviços de adoração .
  • Ajuda aos necessitados, como órfãos, viúvas e estrangeiros (Deuteronômio 14:28-29) .

O dízimo era um ato de obediência, fidelidade e reconhecimento de que tudo o que se possuía vinha de Deus (Provérbios 3:9-10) . Era a "primeira parte" dos ganhos, as primícias, simbolizando a soberania divina sobre todas as coisas .

Oferta: Generosidade Voluntária e Adoração

As ofertas, por sua vez, são contribuições voluntárias que se dão "além do dízimo" e não possuem uma porcentagem fixa . Elas são uma expressão de gratidão, sacrifício e adoração espontânea . Enquanto o dízimo pode ser visto como uma "devolução" daquilo que pertence a Deus, a oferta é um "dar" movido pelo coração. .

A Bíblia está repleta de exemplos de ofertas, desde as ofertas de sacrifícios no Antigo Testamento até as ofertas para o sustento dos apóstolos e para a ajuda aos irmãos em necessidade no Novo Testamento (2 Coríntios 8-9).

Dízimos e Ofertas no Novo Testamento: Graça e Propósito

A transição do Antigo para o Novo Testamento trouxe uma nova aliança baseada na graça, não mais na Lei. Isso gerou debates sobre a aplicabilidade do dízimo hoje .

O Ensino de Jesus sobre o Dízimo

Durante o ministério terreno de Jesus, o dízimo ainda era uma prática vigente entre os judeus . Jesus não o aboliu; pelo contrário, Ele o validou ao repreender os fariseus por dizimarem a hortelã, o endro e o cominho, mas negligenciarem o mais importante da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé. Ele disse: "Estas coisas devíeis fazer, sem omitir aquelas" (Mateus 23:23, Lucas 11:42) . Isso mostra que o dízimo, quando praticado com a motivação correta, era uma atitude esperada, mas nunca deveria substituir a prioridade do coração.

A Ênfase Neotestamentária na Generosidade

Após a morte e ressurreição de Jesus, e o estabelecimento da Nova Aliança, a obrigação legal do dízimo, como parte da Lei Mosaica, deixou de existir . Contudo, o princípio da generosidade, da contribuição para a obra de Deus e para o sustento dos que dedicam suas vidas ao ministério, é amplamente reforçado. Paulo ensina em 2 Coríntios 9:7: "Cada um contribua segundo propôs no seu coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria." .

Os princípios neotestamentários para a doação incluem:

  • Voluntariedade : O ato de dar deve ser uma escolha consciente e não forçada .
  • Alegria: O doador deve ter um coração grato e alegre (2 Coríntios 9:7) .
  • Proporcionalidade: Dar conforme o que se tem recebido e prosperado (1 Coríntios 16:2, Deuteronômio 16:17) .
  • Propósito: Dar com um propósito definido no coração, após meditação e oração .

O Coração do Doador: A Essência da Palavra

Mais do que a quantia, a Bíblia enfatiza a motivação por trás da doação . A famosa história da viúva pobre (Marcos 12:41-44) ilustra perfeitamente este princípio. Jesus observou que, embora ela tenha dado apenas duas pequenas moedas, ela deu "tudo o que possuía para viver", enquanto os ricos davam de sua "sobra" . O valor da doação não estava no montante, mas na totalidade do coração e do sacrifício .

Deus não vê como o homem vê; o homem vê o exterior, mas o Senhor vê o coração.

A generosidade cristã é um reflexo da gratidão pelo amor de Deus e pela salvação em Cristo. É um ato de adoração que reconhece Deus como a fonte de todas as bênçãos. Dar com um coração avarento ou por ostentação anula o valor da oferta (Mateus 6:2-4).

Propósito e Impacto das Contribuições Hoje

As contribuições financeiras na igreja moderna, sejam dízimos ou ofertas, continuam sendo vitais para o avanço do Reino de Deus . Elas servem para:

  • Sustento de pastores, missionários e outros obreiros dedicados ao ministério .
  • Manutenção das instalações da igreja e custos operacionais.
  • Apoio a projetos sociais e caritativos da comunidade .
  • Evangelismo, missões e expansão da Palavra de Deus .
  • Desenvolvimento de programas educacionais e espirituais.

Participar financeiramente da obra de Deus é um privilégio e uma oportunidade de se envolver ativamente no que Deus está fazendo no mundo . É um exercício de fé que nos leva a confiar em Deus como nosso provedor e a superar a avareza.

Conclusão: Uma Vida de Generosidade

A palavra sobre dízimos e ofertas vai muito além de porcentagens ou obrigações financeiras. É sobre o reconhecimento da soberania de Deus, a expressão de nossa gratidão e a manifestação de um coração transformado pela graça. Seja no dízimo como um princípio de fidelidade ou na oferta como um gesto espontâneo de amor, o que verdadeiramente importa é a alegria, a voluntariedade e a sinceridade de quem dá . Que possamos, cada vez mais, buscar a Deus para que Ele nos guie em uma vida de generosidade que o honre e abençoe o próximo.

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