Uma nova era para a inteligência artificial (IA) nos videojogos parece ter chegado, e a startup Nunu.ai está na vanguarda dessa transformação. Recentemente, uma IA desenvolvida pela empresa não apenas jogou Pokémon Emerald pela primeira vez, como também quebrou o recorde mundial existente para o jogo, um feito impressionante por si só. Mas o que torna essa conquista ainda mais notável é a capacidade da IA de generalizar seu aprendizado para outros jogos complexos, como Hogwarts Legacy e o popular Among Us, onde interage de forma surpreendentemente humana. Este avanço não se limita ao entretenimento, sinalizando progressos significativos em direção a robôs totalmente autônomos e, quem sabe, à superinteligência.
A Nunu.ai está construindo uma inteligência artificial em jogos que pode não apenas jogar, mas também testar videojogos de uma forma revolucionária. O diferencial não está em dominar um único jogo, mas na capacidade de aplicar seu conhecimento em diversos títulos sem necessidade de retreinamento específico ou ajuste fino para cada um.
O desempenho da IA da Nunu.ai em Pokémon Emerald foi um marco. Conforme destacado, a IA superou o recorde mundial ao vencer os três primeiros ginásios do jogo em sua primeira tentativa. Isso significa que ela não passou por um período de prática intensiva no jogo, como seria comum. A IA aprendeu a jogar lendo a documentação do jogo, como páginas da Game Wiki ou Wikipedia, e a partir daí, desenvolveu suas próprias estratégias. Observou-se, por exemplo, a IA tomando decisões estratégicas como curar seus Pokémon antes de um desafio importante contra um líder de ginásio, como Roxanne, ou trocar de Pokémon de forma inteligente para obter vantagem de tipo, como ao usar Marshtomp (Água/Terra) contra um Voltorb (Elétrico) do líder Wattson.
Mais impressionante que o recorde em Pokémon é a capacidade de generalização da Nunu.ai. A mesma IA demonstrou ser capaz de jogar Hogwarts Legacy e até mesmo se destacar em Among Us. Neste último, a IA não apenas joga, mas interage no chat com outros jogadores humanos, usando táticas de persuasão e até 'gaslighting' para convencer os outros sobre quem é o impostor. Essa interação é tão natural que se torna quase impossível distinguir a IA de um jogador humano, demonstrando um nível avançado de compreensão de linguagem natural e comportamento social.
A busca por uma inteligência artificial em jogos capaz de superar humanos não é nova. Vimos diversos exemplos de sistemas de IA atingindo níveis de classe mundial em vários jogos.
A OpenAI, conhecida por modelos como o ChatGPT, também explorou a IA em jogos com o projeto OpenAI Five. Este sistema foi projetado para jogar Dota 2, um jogo de estratégia em tempo real extremamente complexo. Utilizando aprendizado por reforço, o OpenAI Five aprendeu jogando contra si mesmo milhões de vezes, culminando na derrota de equipes profissionais em 2019.
Similarmente, o Google DeepMind desenvolveu o AlphaStar, uma IA que alcançou o nível de Grão-Mestre em StarCraft II. Este jogo é notório por sua complexidade estratégica, exigindo planejamento de longo prazo, tomada de decisão em tempo real e gerenciamento de informações incompletas. O AlphaStar também utilizou aprendizado por reforço e, inicialmente, aprendeu imitando jogadores humanos antes de se aprimorar através de auto-play.
Apesar desses sucessos, muitas IAs tradicionais para jogos são altamente especializadas. Uma IA treinada para ser mestre em xadrez não saberia jogar StarCraft II, e vice-versa. Elas são otimizadas para as regras e políticas de um único jogo, carecendo da capacidade de generalização que a Nunu.ai está demonstrando.
A abordagem da Nunu.ai para a inteligência artificial em jogos é distinta. Em vez de depender unicamente de aprendizado por reforço com milhões de horas de gameplay, o sistema da Nunu.ai é, essencialmente, uma equipe de agentes de IA que utilizam Modelos de Linguagem Grandes (LLMs).
O sistema da Nunu.ai inclui uma IA de visão, que analisa o que está acontecendo na tela do jogo, e outra IA que executa o código correspondente às ações (como pressionar teclas ou mover o mouse). Crucialmente, essa IA aprendeu a jogar Pokémon Emerald lendo documentação online, como páginas de Game Wikis. Isso permite que ela entenda as regras, objetivos e mecânicas do jogo a partir de texto, de forma similar a um humano aprendendo um novo jogo.
A capacidade de aprender a partir de documentação textual é um grande salto. Isso significa que a IA não precisa de dados de gameplay pré-existentes para começar a aprender um novo jogo. Ela pode, teoricamente, ser direcionada para qualquer jogo que possua documentação acessível e começar a entendê-lo e jogá-lo. Essa flexibilidade é um dos principais diferenciais da Nunu.ai e aponta para um futuro onde IAs podem se adaptar a novas tarefas e ambientes com muito mais facilidade.
Os avanços da Nunu.ai e outras pesquisas recentes em IA generalista para jogos, como o DreamerV3 (capaz de aprender Minecraft do zero) e o Voyager da NVIDIA (um agente de aprendizado contínuo em Minecraft), estão pavimentando o caminho para um futuro excitante.
Para a indústria de jogos, IAs como a da Nunu.ai podem revolucionar o processo de Quality Assurance (QA) e teste de jogos. Uma IA capaz de jogar e aprender autonomamente pode identificar bugs, testar mecânicas e até mesmo simular comportamentos de jogadores de forma muito mais eficiente do que os métodos atuais.
Mais amplamente, a capacidade dessas IAs de aprender e operar em ambientes virtuais abertos e complexos é um passo importante em direção à Inteligência Artificial Geral (AGI) – uma IA com capacidade cognitiva semelhante à humana. Se uma IA pode aprender a navegar e interagir em um mundo virtual complexo, teoricamente, com um corpo robótico, ela poderia aplicar esse aprendizado ao mundo físico. Isso tem implicações profundas para a robótica autônoma, automação e, em última instância, para a própria natureza da inteligência.
A Nunu.ai demonstrou que a inteligência artificial em jogos está evoluindo rapidamente. A quebra de recordes em Pokémon Emerald em sua primeira tentativa, juntamente com sua habilidade de generalizar para outros jogos, destaca uma nova fronteira na IA. Enquanto o foco atual pode ser em videojogos, as tecnologias e abordagens desenvolvidas aqui podem ter um impacto transformador em muitos outros campos, aproximando-nos de um futuro onde as IAs são parceiras cada vez mais capazes e autônomas em nosso mundo.
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