No universo das startups, fundadores que utilizam soluções no-code para construir negócios lucrativos frequentemente enfrentam um ceticismo particular por parte de investidores tradicionais: a exigência de um cofundador técnico. Este desafio foi um dos temas centrais discutidos durante a No Code Week, onde especialistas como Tara Reed da Apps Without Code, Christian Peverelli da WeAreNoCode e Sina Mobasser da Tapcart compartilharam suas valiosas perspectivas sobre como lidar com essa questão e explorar alternativas de financiamento.
A pressão por ter um desenvolvedor no time fundador pode ser um obstáculo significativo, mesmo quando a startup já demonstra tração e receita com soluções no-code. Entender como abordar essa situação é crucial para o sucesso.
Tara Reed, fundadora da Apps Without Code, trouxe uma visão poderosa baseada em sua experiência. Sua empresa, que fatura 5 milhões de dólares anuais, foi completamente construída sem investimento externo (bootstrapped). Tara enfatizou que, desde o início, ela se recusou a moldar sua visão de negócios para agradar investidores. "Eu me recuso a moldar meu negócio em torno do que os investidores querem", afirmou Reed. Sua filosofia é clara: se os investidores têm uma visão diferente, eles podem lançar seus próprios negócios. Para ela, a prioridade é sua visão e o que ela está construindo.
Reed aconselha fundadores no-code a considerarem modelos de negócios que não dependam intrinsecamente de capital de investidores ou a buscar investidores que estejam genuinamente alinhados com a abordagem no-code e a visão da empresa. Ela ressalta que nem todo investidor é o parceiro certo.
Um ponto crucial levantado por Tara Reed é a relação entre o modelo de negócios, a precificação e a viabilidade do bootstrapping. Certos modelos, como aqueles com pontos de preço muito baixos (por exemplo, $10 por mês), podem tornar extremamente difícil o crescimento sustentável sem capital externo. Isso implica que fundadores no-code precisam fazer escolhas estratégicas e, por vezes, aceitar trade-offs. A capacidade de gerar receita suficiente para reinvestir no negócio é fundamental quando se opta por não buscar investidores tradicionais ou quando se encontra resistência devido à ausência de um cofundador técnico.
Quando o caminho tradicional de investimento se mostra complicado, existem alternativas. Tara Reed recomenda o livro "Profit First" de Mike Michalowicz, que ensina a estruturar o negócio para que ele se financie com seus próprios lucros. Na Apps Without Code, por exemplo, os lucros são reinvestidos para adquirir outras empresas e escalar as operações. Esta abordagem, embora exija trabalho árduo para ser implementada, garante autonomia nas decisões estratégicas.
Outra via explorada por Reed foi o financiamento não diluitivo, como o endividamento. Ela mencionou sua experiência positiva com a Fundera, uma plataforma que a ajudou a encontrar opções de empréstimos que foram pagos rapidamente com a receita gerada. "Nós pegamos dívida e pagamos de volta dentro de um ano", exemplificou. Além disso, o equity crowdfunding surge como uma opção cada vez mais viável, permitindo que a própria audiência e os clientes se tornem investidores.
A mentalidade no-code, focada em agilidade e superação de limitações, nem sempre é compreendida pelo ecossistema de investimento tradicional, que muitas vezes supervaloriza o capital de risco (VC).
Christian Peverelli, da WeAreNoCode, criticou a "superglorificação" das rodadas massivas de investimento. Ele observa que muitos fundadores não compreendem as implicações de aceitar capital VC, como a perda de autonomia e a pressão por um crescimento que nem sempre se alinha com a sustentabilidade do negócio. "A maioria das empresas não é feita para financiamento VC", destacou Peverelli. VCs, geralmente, não se interessam por negócios que, embora lucrativos, não têm potencial para se tornarem unicórnios. Ele defende a importância de educar os fundadores sobre mecanismos alternativos de financiamento.
Sina Mobasser, da Tapcart, ecoou a ideia de que o VC não é para todos. Ele lembrou que levantar capital é apenas uma ferramenta no arsenal de um empreendedor. Um exemplo citado foi o da Bubble, uma proeminente plataforma no-code, que operou por muitos anos via bootstrapping antes de buscar sua primeira rodada de investimento. O foco inicial nos usuários e no produto, segundo Mobasser, é o que realmente constrói valor. "Se você tem um negócio que gera receita, isso é tudo que você precisa saber", argumentou, sugerindo que a própria receita pode impulsionar o crescimento.
A mensagem central para fundadores no-code é focar na construção de um negócio sólido e gerador de receita. Esta é a maior alavancagem ao conversar com investidores ou ao optar por caminhos alternativos.
A cultura no-code é, em sua essência, sobre encontrar maneiras criativas de contornar limitações. Se a falta de um cofundador técnico é vista como uma limitação por investidores, o fundador no-code pode demonstrar, através de resultados, que a tecnologia utilizada é robusta e escalável. Fazer dos clientes os seus "investidores", através de um produto que eles amam e pelo qual pagam, pode ser a estratégia mais poderosa de todas.
Em resumo, embora investidores possam insistir na presença de um fundador técnico, startups no-code com tração e receita possuem argumentos fortes. É vital que os fundadores mantenham sua visão, explorem modelos de negócios e financiamentos alinhados com seus objetivos e utilizem a própria receita como prova de conceito e motor de crescimento. A autonomia e a capacidade de tomar decisões estratégicas sem pressões externas podem ser mais valiosas do que qualquer cheque de investimento.
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