Mulher Faz Sexo com Outra Mulher: Desvendando Mitos e Realidades

Por Mizael Xavier
Mulher Faz Sexo com Outra Mulher: Desvendando Mitos e Realidades

Mulher Faz Sexo com Outra Mulher: Uma Exploração da Sexualidade e Identidade

A expressão "mulher faz sexo com outra mulher" abrange um universo de experiências, identidades e relacionamentos tão diversos quanto as próprias mulheres. Para além de um simples ato, essa vivência se insere em um contexto complexo de afeto, atração, identidade de gênero e orientação sexual. Este artigo busca aprofundar a compreensão sobre o tema, desmistificando conceitos e promovendo uma visão mais informada e respeitosa.

Entendendo a Terminologia: Lésbicas, Bissexuais e Outras Identidades

Quando falamos de mulheres que se relacionam afetiva e sexualmente com outras mulheres, é crucial reconhecer a diversidade de identidades. Mulheres lésbicas são aquelas que sentem atração exclusiva por outras mulheres. Já as mulheres bissexuais sentem atração por mais de um gênero. Existem ainda outras identidades, como pansexuais (atração por pessoas, independentemente do gênero) e assexuais (ausência de atração sexual), que podem ou não incluir relacionamentos com outras mulheres. É fundamental respeitar a autodeclaração de cada indivíduo.

A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2019, pela primeira vez incluiu dados sobre orientação sexual autoidentificada da população adulta. Os resultados indicaram que 0,9% das mulheres brasileiras se declararam lésbicas e 0,8% bissexuais. No entanto, o próprio IBGE reconhece que esses números podem estar subnotificados devido a diversos fatores, incluindo o receio em declarar a orientação sexual.

Saúde Sexual de Mulheres que Fazem Sexo com Outras Mulheres

A saúde sexual de mulheres que fazem sexo com outras mulheres (MSM) é um campo que, por muito tempo, foi negligenciado. Uma cartilha sobre cuidados com a saúde sexual para mulheres cis lésbicas e bissexuais destaca a importância de discutir a sexualidade e as práticas sexuais entre essas mulheres nos diversos âmbitos da saúde e da sociedade. Acredita-se, erroneamente, que o sexo entre mulheres não apresenta riscos de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), o que contribui para a falta de informação sobre práticas seguras. Profissionais de saúde devem estar preparados para acolher e fornecer informações precisas sobre ISTs, métodos de proteção e práticas sexuais seguras.

Estudos apontam que a frequência de exames ginecológicos, como o Papanicolau, e a prevenção do câncer de mama podem ser menores entre mulheres lésbicas e bissexuais. A heteronormatividade nos serviços de saúde e o receio de discriminação são barreiras que dificultam o acesso a um cuidado adequado. Um estudo realizado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) com mulheres que fazem sexo com mulheres na Grande São Paulo revelou que aquelas com pouca ou nenhuma vivência heterossexual tendiam a procurar menos o ginecologista.

A Importância da Visibilidade e do Combate à Lesbofobia

A lesbofobia, o preconceito e a discriminação direcionados a mulheres lésbicas, é uma realidade que impacta profundamente suas vidas. O Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, celebrado em 29 de agosto no Brasil, tem como objetivo combater a lesbofobia e dar destaque às pautas dessa população. Essa data remete ao 1º Seminário Nacional de Lésbicas (Senale), realizado em 1996, um marco na organização e luta por direitos. Antes disso, em 1983, o Levante do Ferro's Bar em São Paulo, conhecido como o "pequeno Stonewall brasileiro", já demonstrava a resistência lésbica contra a discriminação.

A invisibilidade e o apagamento histórico das experiências lésbicas, inclusive dentro do próprio movimento LGBTQIA+, são questões importantes a serem enfrentadas. Mulheres lésbicas enfrentam uma dupla discriminação: o preconceito pela orientação sexual e a misoginia por serem mulheres.

Relacionamentos e Identidade: Construindo Laços e Enfrentando Desafios

Os relacionamentos entre mulheres são tão diversos quanto qualquer outro tipo de relacionamento, baseados em amor, cumplicidade, respeito e projetos de vida em comum. A construção de uma identidade lésbica ou bissexual positiva é um processo que pode envolver desafios, especialmente em uma sociedade ainda marcada pela heteronormatividade. A Psicologia Afirmativa surge como uma abordagem terapêutica que acolhe e valida as experiências de pessoas LGBTQIA+, auxiliando no desenvolvimento de uma autoimagem positiva e no enfrentamento do preconceito.

Pesquisas indicam que lésbicas e bissexuais que participam de movimentos sociais tendem a ter maior facilidade em declarar sua orientação sexual, pois o ativismo promove discussões sobre corpo, saúde e direitos. No entanto, o medo do preconceito ainda leva muitas a omitirem sua orientação sexual em diversos contextos, incluindo serviços de saúde. A Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género, em um estudo sobre as necessidades das pessoas LGBTI, destaca que o estigma afeta a qualidade dos relacionamentos íntimos.

Mulher Faz Sexo com Outra Mulher: Superando Estigmas e Buscando Equidade

Compreender a vivência de "mulher faz sexo com outra mulher" requer ir além de estereótipos e reconhecer a pluralidade de experiências. A luta por visibilidade, direitos e acesso à saúde de qualidade é fundamental para garantir que mulheres lésbicas, bissexuais e todas que se relacionam com outras mulheres possam viver suas vidas com plenitude, respeito e dignidade. A informação precisa, o acolhimento e o combate a todas as formas de discriminação são passos essenciais nessa jornada.

Mizael Xavier

Mizael Xavier

Desenvolvedor e escritor técnico

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