O universo da tecnologia está em constante evolução, e com ele surgem novas abordagens para a criação de soluções digitais. As ferramentas no-code (sem código) e low-code (baixo código) emergiram como protagonistas nessa transformação, prometendo democratizar o desenvolvimento de software e acelerar a inovação. No entanto, como toda novidade, vêm acompanhadas de uma série de mitos e concepções equivocadas. Durante um painel na No Code Week, especialistas como Doc Williams da Brand Factory, Eddy Widerker da WeAreNoCode, Mariam Hakobyan da Softr.io e Nicolas Grenié da Typeform & Videoask discutiram esses mal-entendidos, oferecendo insights valiosos sobre o real potencial dessas plataformas.
As ferramentas no-code permitem que indivíduos, mesmo sem conhecimento profundo em linguagens de programação, criem aplicativos, websites e automatizem processos através de interfaces visuais intuitivas, lógica de arrastar e soltar e modelos pré-construídos. A confusão em torno delas, como aponta Doc Williams, muitas vezes se origina da própria novidade da tecnologia e das diferentes perspectivas de quem entra em contato com ela.
Para muitos desenvolvedores com formação tradicional, a ideia de criar software sem escrever código pode parecer simplista ou limitada. Alguns, como mencionado por Williams em relação à visão de seu pai, um desenvolvedor, podem ver as ferramentas no-code como algo que não se qualifica como 'desenvolvimento real' ou que é 'lixo' e 'muito limitado'. Essa percepção geralmente ignora a complexidade e a sofisticação que muitas plataformas no-code já alcançaram, além de seu papel em otimizar o tempo e os recursos, mesmo para equipes de desenvolvimento.
Por outro lado, criadores de conteúdo, artistas e empreendedores sem background técnico podem ter o receio oposto: o de que as ferramentas no-code sejam excessivamente técnicas ou difíceis de aprender. Esse grupo, conforme Doc Williams, às vezes nem utiliza termos como 'no-code' ou 'automação', preferindo descrever suas ações como 'organizar em lotes' (batching) ou outras terminologias próprias. O desafio aqui é mostrar que essas plataformas são, de fato, projetadas para serem acessíveis.
Durante a discussão na No Code Week, diversos mitos foram abordados e desconstruídos pelos especialistas. Compreender essas falsas noções é crucial para aproveitar ao máximo o potencial das ferramentas no-code.
Embora as ferramentas no-code sejam excelentes para prototipagem rápida e projetos menores, sua capacidade não se restringe a isso. Muitas plataformas oferecem funcionalidades robustas para criar aplicações complexas, integrar-se com outros sistemas via APIs e escalar conforme a necessidade. A ideia de que são 'limitadas' está cada vez mais distante da realidade.
Eddy Widerker, da WeAreNoCode, alertou contra a noção de 'sucesso de um só golpe' (one-hit wonder). Acreditar que uma ideia brilhante, por si só, garantirá o triunfo de um produto criado com ferramentas no-code é um engano.
O verdadeiro valor das ferramentas no-code, neste contexto, reside na capacidade de testar e iterar rapidamente. Elas são ideais para construir um Produto Mínimo Viável (MVP), colher feedback de usuários e ajustar o produto de forma ágil e com baixo custo, aumentando as chances de sucesso a longo prazo, como ressaltado por Widerker.
Mariam Hakobyan, da Softr.io, engenheira de formação, foi enfática ao afirmar que as ferramentas no-code não significam o fim do código ou dos desenvolvedores.
Hakobyan destacou que, primeiramente, são engenheiros que constroem e mantêm as próprias plataformas no-code. Além disso, à medida que um negócio cresce e suas necessidades se tornam mais complexas, a transição para soluções que envolvem código customizado pode ser necessária. Muitas empresas também utilizam no-code para tarefas específicas, mas ainda dependem de código para integrações avançadas e funcionalidades centrais. As ferramentas no-code e o código tradicional podem, e devem, coexistir e complementar-se.
Nicolas Grenié, da Typeform & Videoask, comparou o aprendizado de ferramentas no-code ao aprendizado de programação: não há mágica. Embora a barreira de entrada seja menor, ainda existe uma curva de aprendizado. É preciso dedicar tempo para entender a lógica da plataforma, suas funcionalidades e as melhores práticas para construir soluções eficazes. Esperar resultados imediatos sem nenhum esforço é irrealista.
Outro ponto levantado por Eddy Widerker é a tendência de alguns usuários de 'endeusar' uma única ferramenta no-code, acreditando que ela pode resolver todos os problemas. Essa fixação impede uma abordagem mais estratégica, que seria identificar o problema primeiro e, então, selecionar a ferramenta ou o conjunto de ferramentas no-code mais adequadas para solucioná-lo. O foco deve ser no problema, não na ferramenta.
Para além dos mitos, o verdadeiro impacto das ferramentas no-code reside em sua capacidade de empoderar uma gama mais ampla de pessoas e trazer agilidade para o desenvolvimento de produtos e soluções digitais.
Como Mariam Hakobyan salientou, as ferramentas no-code são um importante agente de democratização. Elas permitem que empreendedores validem suas ideias, que pequenas empresas criem suas próprias soluções e que profissionais de diversas áreas se tornem 'construtores' de tecnologia, e não apenas usuários passivos.
Dentro das corporações, as ferramentas no-code permitem que departamentos como marketing, RH e operações desenvolvam suas próprias aplicações e automatizem processos sem depender exclusivamente das equipes de TI, que muitas vezes estão sobrecarregadas. Isso resulta em maior agilidade, como mencionado por Hakobyan, e na capacidade de responder mais rapidamente às demandas do mercado. Nicolas Grenié também reforçou que, como engenheiro, escolhe stacks no-code para seus projetos porque elas eliminam a frustração de configurações complexas e demoradas, permitindo entregar valor de forma mais rápida.
As ferramentas no-code representam uma evolução significativa no panorama tecnológico. Elas não são uma bala de prata nem o fim da programação tradicional, mas sim poderosas aliadas que, quando compreendidas e utilizadas corretamente, podem impulsionar a inovação, democratizar a criação e trazer uma agilidade sem precedentes para indivíduos e organizações. Superar os mitos e adotar uma perspectiva equilibrada é o primeiro passo para destravar todo o seu potencial.
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