Em uma conversa esclarecedora com Christian Peverelli da WeAreNoCode, Mikal Khoso, investidor de Venture Capital na Wavemaker, compartilhou percepções valiosas sobre o cenário atual de investimentos, o impacto transformador das ferramentas no-code e low-code, e o futuro da inovação. Este artigo resume, analisa e expande os pontos cruciais dessa discussão, oferecendo um panorama para empreendedores e entusiastas da tecnologia.
Mikal Khoso, com um histórico que inclui passagens pelo Dorm Room Fund e Underscore VC, atualmente integra a equipe da Wavemaker, um fundo de Venture Capital (VC) com atuação cross-border, sediado em Los Angeles e Singapura. A Wavemaker investe em startups desde o estágio pre-seed até a Série A, com um foco agnóstico, mas com um interesse particular em tecnologias de ponta e na resolução de "problemas obscuros" em setores como manufatura e indústria. Khoso destacou que a empresa já realizava investimentos via Zoom antes mesmo da pandemia, dada sua natureza global, investindo em cerca de 15 países na Ásia e no Ocidente.
Mikal Khoso observa uma significativa transformação no setor de Venture Capital nas últimas duas décadas. O que antes era uma "indústria caseira", evoluiu para um ecossistema mais profissionalizado e estruturado, movimentando cifras expressivas – Khoso menciona que, em 2019, foram alocados cerca de 130 bilhões de dólares por VCs apenas nos Estados Unidos. Essa profissionalização se assemelha à trajetória do private equity, com o surgimento de plataformas de VC, camadas de serviços e equipes especializadas em áreas como recrutamento e desenvolvimento de talentos dentro dos próprios fundos.
Um dos pontos mais enfatizados por Khoso é a importância do storytelling no processo de fundraising. Para ele, as melhores apresentações (pitches) são aquelas que constroem uma narrativa coesa sobre o passado, presente e futuro da empresa, e como ela se encaixa nesse panorama. Essa narrativa não apenas cativa o investidor, mas também o equipa para defender o investimento internamente, perante outros sócios. Cada fundo de VC é diferente, com prioridades e processos distintos, tornando crucial que o empreendedor pesquise e entenda o perfil do investidor antes da abordagem.
O conceito de "armar os rebeldes", como Khoso coloca, refere-se ao poder democratizador das ferramentas no-code e low-code. Ele vê essas tecnologias como ondas de abstração que capacitam equipes menores e indivíduos a construir produtos e competir com grandes players, reduzindo custos e o tempo de lançamento de Produtos Mínimos Viáveis (MVPs). Ferramentas como Glide para desenvolvimento de apps, Zapier para automações, Stripe para pagamentos, e plataformas como AWS para infraestrutura, são exemplos dessa revolução. Khoso cita o exemplo da Shopify, que abstraiu a complexidade de criar uma loja online.
Apesar do entusiasmo, Khoso levanta uma questão pertinente: a escalabilidade e o valor de vida útil (lifetime value) de produtos construídos inteiramente com no-code, especialmente para o mercado corporativo. Ele pondera que, embora o no-code seja excelente para validar uma ideia e ganhar tração inicial (como uma empresa que chegou a 20 milhões de dólares em receita anual recorrente usando Zapier para suas funcionalidades complexas), pode haver um ponto de inflexão onde soluções mais robustas e customizadas (bespoke) se tornam necessárias. A decisão de quando e como fazer essa transição é crucial.
Para fundadores que buscam investimento, Khoso reitera a necessidade de apresentar tração ou receita, mesmo que o produto tenha sido construído com ferramentas no-code. "Esqueçam os edge cases no início", aconselha, "foquem no caso de uso principal e no público-alvo específico". Ele acredita que a pesquisa sobre o VC e uma narrativa convincente são fundamentais. A primeira reunião deve ser uma via de mão dupla, onde o fundador também faz perguntas para entender se há um alinhamento de visão e valores.
Além do universo VC, Mikal Khoso é um escritor e mantém uma newsletter onde explora temas que o fascinam. Um desses temas é a agricultura celular e a carne cultivada em laboratório. Ele vê um potencial imenso nessa área para resolver problemas globais críticos, como as emissões de carbono provenientes da pecuária (responsáveis por cerca de 14.5% do total mundial, segundo a FAO), o uso extensivo de terras (cerca de dois terços da terra agricultável é usada para gado, de acordo com Khoso) e questões de saúde. Ele cita a Memphis Meats (agora UPSIDE Foods), que levantou 161 milhões de dólares, como um exemplo de inovação nesse campo. Khoso acredita que, embora haja um estigma cultural a ser superado, a economia (se a carne de laboratório se tornar significativamente mais barata) e os benefícios para a saúde e o meio ambiente podem impulsionar a adoção em massa.
A discussão sobre a carne de laboratório e a transição de um produto no-code para algo mais escalável reforça um princípio fundamental para qualquer startup: a importância de focar na proposta de valor central. Muitos fundadores, como exemplificado por Khoso com o caso hipotético da Airbnb, cometem o erro de adicionar funcionalidades excessivas (feature creep) antes de validar o modelo de negócio principal. A prioridade deve ser resolver o problema central do cliente de forma eficaz.
A conversa com Mikal Khoso oferece uma visão privilegiada de um ecossistema de Venture Capital e startups empolgante e em rápida evolução. A ascensão de ferramentas no-code e low-code está "armando os rebeldes", nivelando o campo de jogo e permitindo que mais ideias inovadoras cheguem ao mercado com menos recursos. Para os fundadores, a capacidade de construir uma narrativa poderosa e focar incansavelmente no core business continua sendo essencial para atrair investimento e alcançar o sucesso. E para os investidores, a adaptação a essas novas dinâmicas e a identificação de oportunidades verdadeiramente transformadoras, como a agricultura celular, definirá o futuro.
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