Libras: Desvendando as 'Palavras' da Língua Brasileira de Sinais

Libras: Desvendando as 'Palavras' da Língua Brasileira de Sinais

Ao pensarmos em Libras e suas palavras, muitas pessoas imaginam uma mera tradução visual do Português. No entanto, essa percepção está equivocada. A Língua Brasileira de Sinais (Libras) é uma língua completa, com gramática, sintaxe e vocabulário próprios, que se manifesta através de sinais visual-espaciais e possui sua própria estrutura lexical, distinta da oralidade.

Libras: Uma Língua Plena e Independente

Reconhecida oficialmente no Brasil pela Lei nº 10.436 em 2002, a Libras não é um conjunto de gestos aleatórios ou uma simples representação do alfabeto manual. Ela é a língua natural da comunidade surda brasileira, com um sistema linguístico complexo e sofisticado. Assim como o Português tem palavras formadas por sons, a Libras possui sinais que são suas unidades lexicais.

Sinais, Não Palavras Traduzidas

A principal diferença é que um sinal em Libras representa um conceito ou ideia diretamente, e não é uma tradução literal de uma palavra em Português. Por exemplo, o sinal para CASA em Libras não é a junção das letras C-A-S-A; é um sinal único que evoca o conceito de moradia. Essa distinção é crucial para compreender a autonomia e a riqueza da Libras.

Os Cinco Parâmetros: A Morfologia dos Sinais

A formação de cada sinal em Libras é regida por cinco parâmetros fundamentais. A alteração em apenas um desses parâmetros pode mudar completamente o significado do sinal, evidenciando a precisão e a estrutura da língua. São eles:

  • Configuração de Mão (CM): Refere-se à forma que a mão assume ao realizar o sinal (aberta, fechada, com dedos esticados, etc.). A Libras possui um inventário de dezenas de configurações de mão distintas.
  • Ponto de Articulação (PA): É o local no corpo (cabeça, tronco, braço) ou no espaço neutro à frente do corpo onde o sinal é realizado.
  • Movimento (M): Descreve o tipo de movimento que a mão faz (para cima, para baixo, circular, em zigue-zague, etc.).
  • Orientação/Direcionalidade (O): Indica a direção da palma da mão ou dos dedos durante o sinal (para cima, para baixo, para frente, para o lado, etc.).
  • Expressões Não-Manuais (ENM): Incluem expressões faciais e corporais que desempenham papéis gramaticais e de entonação, essenciais para o significado do sinal e da frase. Por exemplo, uma expressão facial de pergunta ou negação pode alterar o sentido de um sinal.

Sinais Icônicos vs. Sinais Arbitrários

Assim como nas línguas orais, o vocabulário da Libras é composto por diferentes tipos de sinais:

  • Sinais Icônicos: Possuem uma relação visual direta com o objeto ou ação que representam, sendo mais fáceis de assimilar. Exemplos comuns incluem sinais para TELEFONE (mão próxima à orelha, simulando o ato de falar ao telefone) ou COMER.
  • Sinais Arbitrários: Não apresentam uma conexão visual óbvia com o seu significado. Sua relação é convencional, estabelecida pela comunidade surda ao longo do tempo. Sinais como FELICIDADE ou AMOR são exemplos de sinais arbitrários, que demandam aprendizado e memorização específica.

A Datilologia: Um Recurso, Não a Língua

Muitas pessoas confundem o alfabeto manual, ou datilologia, com a Libras. A datilologia é um sistema de soletração de palavras do Português letra por letra, usando configurações de mão para cada letra do alfabeto. Ela é um recurso importante, mas não é a Libras em si.

É utilizada principalmente para:

  • Nomes próprios (pessoas, cidades, marcas).
  • Termos técnicos ou específicos que ainda não possuem um sinal correspondente na Libras.
  • Empréstimos linguísticos.

O uso excessivo da datilologia torna a comunicação lenta e cansativa, assim como soletrar cada palavra ao falar em Português. Dominar a Libras significa ir além do alfabeto manual e aprender o vocabulário de sinais e sua gramática própria.

Aprender Libras: Um Caminho Para a Inclusão

Entender as palavras em Libras significa mergulhar em uma modalidade linguística rica e expressiva. É um convite a desconstruir preconceitos e reconhecer a complexidade de uma língua que se manifesta visualmente, com sua própria estrutura, nuances e beleza. Ao aprender Libras, você não está apenas aprendendo um novo código, mas abrindo portas para uma comunicação mais inclusiva e para o acesso à cultura e à comunidade surda.

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