Leilão de Arroz da Conab Adiado: Entenda os Motivos e Implicações

Governo Federal Adia Leilão de Arroz da Conab
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) anunciou o adiamento do leilão para a compra de arroz importado, que estava inicialmente previsto para ocorrer em meio a um cenário de especulação de preços por parte de países do Mercosul e da necessidade de garantir o abastecimento interno após as enchentes no Rio Grande do Sul. O estado é responsável por uma parcela significativa da produção nacional do grão, cerca de 70%.
A decisão de adiar o certame, que visava adquirir inicialmente 104 mil toneladas de arroz, foi comunicada pela Conab, que afirmou que uma nova data será divulgada "oportunamente". Esse adiamento ocorre em um contexto onde o governo federal busca aumentar a oferta do produto no país e, ao mesmo tempo, lidar com a elevação de até 30% no preço do cereal imposta por membros do Mercosul.
Contexto do Adiamento e Medidas Governamentais
O adiamento do leilão está diretamente ligado a uma portaria governamental que reduziu a zero o imposto de importação para três tipos de arroz. Essa medida tem como objetivo facilitar a compra do grão de outros mercados internacionais, como a Tailândia, e assim evitar problemas de desabastecimento e controlar os preços ao consumidor. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, confirmou que a especulação de preços no Mercosul foi um fator determinante para o adiamento. Anteriormente, o governo já havia autorizado a Conab a importar até um milhão de toneladas de arroz ao longo de 2024, como uma ação excepcional para mitigar os impactos da tragédia climática no Sul do país sobre a oferta interna e os preços. O produto importado teria uma embalagem especial do governo federal com preço máximo estipulado em R$ 4 por quilo.
Anulações e Novos Editais do Leilão de Arroz
Posteriormente ao primeiro anúncio de adiamento, o governo federal chegou a anular um leilão realizado pela Conab em 6 de maio, onde foram arrematadas 263,3 mil toneladas de arroz. A anulação, anunciada pelo presidente da Conab, Edegar Pretto, e pelos ministros da Agricultura, Carlos Fávaro, e do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, ocorreu após avaliação de que a maioria das empresas vencedoras apresentava "fragilidades" e incapacidade financeira para operar o volume negociado. Nenhum recurso público chegou a ser transferido na operação. Em decorrência dessas questões, um novo edital com mecanismos aprimorados de transparência e segurança jurídica seria publicado, ainda sem data definida. Houve também a demissão do secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, após suspeitas de conflito de interesse relacionadas ao leilão anulado.
Mais recentemente, o governo negociou com produtores um novo adiamento para a publicação de um novo edital de leilão. O setor produtivo se comprometeu a apresentar alternativas ao certame para equilibrar o preço do grão. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, chegou a declarar que, em determinado momento, não via necessidade de um novo leilão, pois os preços do arroz haviam recuado. No entanto, também afirmou que o governo "não desistiu" da compra pública de arroz e que um novo edital estava sendo estruturado em conjunto com a Advocacia Geral da União (AGU) e a Controladoria Geral da União (CGU).
Perspectivas para o Preço do Arroz e a Safra 2024/2025
Analistas de mercado apontam que o preço do arroz, que atingiu patamares elevados, começou a apresentar queda. Em março de 2025, a expectativa é que os produtores consigam valores entre R$ 80,00 e R$ 90,00 por saca de 50 quilos no pico da colheita. A Conab projeta uma produção recorde de 12,1 milhões de toneladas para a safra 2024/2025, impulsionada por um aumento de 11,1% na área plantada. Essa maior oferta pode levar a uma queda nos preços ao produtor. A Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz) considerou a iniciativa de importação pelo governo como "desnecessária e intempestiva", argumentando que a própria indústria já estava se movimentando para importar o grão e que o anúncio do leilão governamental teria inflacionado os preços no Mercosul.
Outras Ações da Conab
Paralelamente aos leilões de compra de arroz para abastecimento, a Conab também realiza outras operações, como leilões de contrato de opção de venda de arroz, que funcionam como um seguro de preço para o produtor rural. Em dezembro de 2024, a companhia negociou cerca de 91,7 mil toneladas de arroz nessas modalidades. Além disso, a Conab também adiou leilões para aquisição de sementes de arroz destinadas à agricultura familiar no Rio Grande do Sul, com o objetivo de doar para associações de agricultores familiares em municípios afetados pelas enchentes.
