A trajetória de Michelle Pellizzon, CEO e fundadora da Holisticism, é uma fonte rica de aprendizados para qualquer pessoa interessada em empreendedorismo, especialmente no crescente mercado de bem-estar. Em uma conversa reveladora com Christian Peverelli, Co-Diretor da Startup Boost, Pellizzon compartilhou como sua jornada começou de forma quase acidental, impulsionada por desafios pessoais e uma paixão genuína por ajudar os outros.
Antes de se aventurar no mundo da tecnologia e do empreendedorismo, Michelle Pellizzon era uma dançarina profissional em Nova York. Sua vida tomou um rumo inesperado quando foi diagnosticada com epilepsia. As medicações tradicionais, segundo ela, trouxeram mais efeitos colaterais negativos do que alívio. Essa experiência frustrante a levou a buscar alternativas, encontrando em um praticante de bem-estar holístico a solução que transformou sua saúde, livrando-a das convulsões. "Essa experiência me tornou obcecada por bem-estar e por entender por que não era tão acessível quanto poderia ser", relata Pellizzon.
Após essa transformação pessoal, Michelle migrou para a área de tecnologia. No entanto, sua paixão pelo bem-estar continuou pulsante. Colegas de trabalho começaram a procurá-la para dicas sobre sucos verdes, cristais e outras práticas holísticas, tornando-a a "pessoa do bem-estar" do escritório. Para atender a essa demanda crescente de forma organizada, ela lançou uma newsletter chamada Holisticism. Inicialmente destinada a cerca de 100 amigos da área de tecnologia, a newsletter cresceu organicamente, alcançando aproximadamente 30.000 pessoas. Esse crescimento demonstrou um interesse latente e significativo por informações curadas sobre bem-estar holístico.
A transição da newsletter para uma plataforma de software não foi imediata. Foi um processo de escuta atenta e aprendizado contínuo. Michelle Pellizzon compartilhou diversas lições cruciais dessa jornada:
Para entender profundamente as necessidades de sua crescente audiência, Pellizzon realizou cerca de 1500 chamadas telefônicas com os assinantes da newsletter. "Descobri que muitas pessoas estavam enfrentando o mesmo problema que eu tive: queriam se conectar com praticantes holísticos, mas não sabiam como encontrar profissionais credíveis", explica. Essa pesquisa direta com potenciais usuários foi fundamental para validar a ideia e moldar a futura plataforma da Holisticism. A máxima aqui é clara: "Aprenda sobre seus clientes e, então, construa em torno disso." Este princípio é um pilar do desenvolvimento de produtos centrado no cliente.
Seguindo a filosofia do aprendizado validado, Michelle desenvolveu um primeiro Produto Mínimo Viável (MVP) – um aplicativo de agendamento. Ela admite com bom humor: "Era horrível". No entanto, essa versão inicial, mesmo imperfeita, cumpriu seu propósito. Conforme a famosa citação de Reid Hoffman, cofundador do LinkedIn, frequentemente parafraseada no Vale do Silício, "Se você não tem vergonha da sua primeira versão, você demorou demais para lançar". O MVP da Holisticism, apesar de rudimentar, atraiu 75 praticantes no primeiro mês e revelou um dado crucial: 87% dos agendamentos eram para sessões virtuais, realizadas por ferramentas como Zoom, Skype ou FaceTime.
"Você só precisa de uma ou duas peças chave de insight", aconselha Pellizzon. O dado de que 87% das consultas eram virtuais foi um desses insights transformadores. Ele não apenas validou a demanda por serviços de bem-estar online, mas também direcionou o foco da Holisticism para se tornar uma solução de software robusta para praticantes que desejavam administrar seus negócios virtuais de ponta a ponta.
Com uma formação em Belas Artes em Dança (BFA in Dance), Michelle Pellizzon não possuía um background tradicional em tecnologia. No entanto, isso não a impediu. Uma de suas maiores revelações foi que "ninguém realmente sabe o que está fazendo". Essa constatação, longe de ser assustadora, foi libertadora. "Isso realmente me empoderou", diz ela. A lição é que a capacidade de aprender e a clareza de direção são mais importantes do que um currículo convencional. "Você pode aprender qualquer coisa, então foque na sua direção."
O caminho empreendedor raramente é linear. Michelle enfatiza a importância da experimentação constante. Ela recorda um mantra de sua mãe: "Você já tentou de tudo?". Essa pergunta a incentiva a explorar todas as possibilidades, mesmo as mais inusitadas. "Você nunca sabe realmente o que vai funcionar, então TESTE." Apenas através de testes contínuosos é possível descobrir as estratégias e funcionalidades que realmente ressoam com o mercado.
A jornada empreendedora é repleta de altos e baixos, e a saúde mental dos fundadores é frequentemente testada. Pellizzon fala abertamente sobre a "espiral descendente" de pensamentos negativos e a importância de combatê-los. "Leve sua saúde mental a sério", aconselha. Reconhecer a negatividade inerente ao viés humano e desenvolver mecanismos para lidar com ela é crucial para a sustentabilidade a longo prazo, tanto do empreendedor quanto do negócio. Este é um tema cada vez mais discutido, dada a alta incidência de burnout entre fundadores de startups.
Construir um negócio é um desafio monumental, e tentar fazer isso isoladamente é uma receita para dificuldades ainda maiores. "Lembre-se: Você não precisa fazer isso sozinho", afirma Pellizzon. Ter uma rede de apoio composta por mentores, parceiros de confiança, amigos ou outros empreendedores pode fornecer não apenas conselhos práticos, mas também o suporte emocional necessário para superar os obstáculos.
Em meio à complexidade de gerir uma startup, é fácil se perder. Michelle sugere voltar-se para o seu "porquê" – a razão fundamental pela qual você iniciou o negócio. Esse propósito serve como um "Norte", uma luz guia que ilumina o caminho e auxilia na tomada de decisões. Em vez de se paralisar tentando prever o futuro distante, ela recomenda focar em "tomar a próxima melhor decisão", buscando um progresso incremental, mesmo que de 1% ao dia. Essa abordagem pragmática ajuda a manter o ímpeto e a construir gradualmente em direção à visão maior.
A jornada de Michelle Pellizzon com a Holisticism é um testemunho poderoso da resiliência, da importância da escuta ativa e da capacidade de transformar desafios pessoais em oportunidades de impacto. Suas lições transcendem o nicho de bem-estar, oferecendo insights valiosos para qualquer empreendedor que busca construir algo significativo. Desde a validação da ideia através de pesquisa de clientes até a gestão da própria saúde mental, a experiência de Pellizzon reforça que o empreendedorismo é, acima de tudo, uma maratona de aprendizado, adaptação e, fundamentalmente, paixão pelo que se faz. Como ela mesma demonstrou, às vezes, as jornadas mais inesperadas levam aos destinos mais gratificantes.
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