Muitos aspirantes a empreendedores são cativados pela narrativa de sucesso rápido e riqueza instantânea, frequentemente retratada em filmes como 'A Rede Social', que detalha a ascensão do Facebook, ou pelas manchetes sobre aquisições bilionárias, como a compra do Instagram pelo mesmo Facebook por US$1 bilhão com apenas 13 funcionários e sem receita significativa na época, conforme noticiado por veículos como o TechCrunch. Essa visão romantizada leva muitos a crer que o caminho para o sucesso de uma startup invariavelmente passa por rodadas de investimento de Venture Capital (VC). Contudo, Christian Peverelli, um empreendedor serial, argumenta que a realidade pode ser bem diferente, especialmente para startups com potencial de atingir 'apenas' US$10 milhões em receita.
A afirmação de que investidores de VC podem não se interessar por uma startup que atinja uma receita anual recorrente (ARR) de US$10 milhões pode parecer contraintuitiva. Afinal, US$10 milhões é um valor considerável. Para entender essa perspectiva, é crucial analisar o modelo de negócios e as expectativas dos fundos de Venture Capital.
Fundos de Venture Capital gerenciam dinheiro de Limited Partners (LPs), que podem incluir fundos de pensão, doações universitárias (university endowments), fundos soberanos, indivíduos de alto patrimônio (high net-worth individuals) e family offices. Esses LPs confiam nos VCs para investir em empresas de alto crescimento, esperando retornos significativos.
Os VCs, por sua vez, ganham dinheiro de duas formas principais:
O portfólio de um fundo de Venture Capital é construído com base na premissa de que a maioria das startups investidas não terá sucesso ou terá um desempenho mediano. Estatisticamente, uma grande porcentagem de startups falha – algumas fontes, como estudos da Failory, indicam que cerca de 90% das startups falham. Portanto, os VCs precisam que alguns poucos investimentos se tornem 'home runs', gerando retornos exponenciais (10x, 20x, ou mais) para compensar as perdas e ainda entregar um retorno atraente para seus LPs.
Dados apresentados por Christian Peverelli, e corroborados por análises do setor como as da Correlation Ventures, indicam que:
Diante desse cenário, uma startup que atinge US$10 milhões em ARR e se estabiliza nesse patamar, embora seja um negócio saudável e lucrativo para os fundadores, pode não movimentar o ponteiro para um fundo de VC que precisa de saídas (exits) na casa das centenas de milhões ou até bilhões de dólares.
Investimentos em Venture Capital são, por natureza, ilíquidos. O dinheiro investido fica 'preso' na startup por muitos anos, geralmente de 7 a 10 anos, e estudos mais recentes sugerem que esse período pode se estender para 12 a 14 anos até que ocorra um evento de liquidez (como uma aquisição ou IPO).
Para um fundo de VC, uma empresa que se torna autossustentável com US$10 milhões em receita, mas sem um caminho claro para um exit de grande porte (acima de US$100 milhões, idealmente), pode se tornar uma 'dor de cabeça'. Ela ocupa capital e atenção que poderiam ser direcionados para empresas com maior potencial de crescimento explosivo. Nesse contexto, do ponto de vista puramente financeiro do VC, pode ser preferível que a empresa falhe rapidamente (permitindo abater o prejuízo fiscalmente) ou que seja vendida por um valor muito alto.
É fundamental que os empreendedores entendam essa dinâmica antes de buscar investimento de Venture Capital.
Muitos fundadores iniciam suas jornadas buscando:
Ao aceitar investimento de VC, parte dessa liberdade e propriedade é cedida. Os investidores passam a ter voz nas decisões e esperam um crescimento acelerado, o que pode não se alinhar com os desejos originais de todos os fundadores. A pressão por escalar rapidamente é imensa.
Venture Capital é apenas uma das muitas formas de financiar uma startup. É crucial que os fundadores estejam bem informados sobre as implicações de cada tipo de capital.
A escolha do caminho de financiamento deve estar alinhada com os objetivos de longo prazo dos fundadores e da empresa. Não há caminho certo ou errado, mas sim o mais adequado para cada situação. A posse de participação (ownership) é um fator determinante na criação de riqueza para os fundadores.
A mensagem de Christian Peverelli não é desencorajar a busca por Venture Capital, mas sim promover um empreendedorismo mais consciente e informado. Entender que VCs buscam retornos desproporcionais devido ao alto risco e ao modelo de seu negócio é vital. Para uma startup com um potencial de mercado que a levaria a ser um excelente negócio de US$10 milhões ou US$20 milhões, outras formas de financiamento ou o crescimento orgânico (bootstrapping) podem ser mais adequadas, permitindo que os fundadores mantenham maior controle e colham os benefícios de seu trabalho árduo. A chave é a informação e o alinhamento entre as ambições dos fundadores e as expectativas dos investidores.
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