Levantar capital é um dos maiores desafios para empreendedores que buscam transformar ideias inovadoras em negócios de sucesso. Muitos, no entanto, como aponta Christian Peverelli, cofundador da WeAreNoCode, não sabem exatamente como abordar investidores ou aumentar suas chances de entrar em programas de aceleração. Este guia, inspirado nas orientações de Peverelli, explora as estratégias e os caminhos para o financiamento de startups, ajudando você a navegar neste complexo ecossistema.
Entender as opções disponíveis é o primeiro passo para uma captação de recursos bem-sucedida. Existem, fundamentalmente, três caminhos principais que um empreendedor pode seguir, cada um com suas particularidades e exigências.
O bootstrapping consiste em financiar o crescimento da startup utilizando os próprios recursos gerados pela empresa, ou seja, a receita. Esta abordagem permite que os fundadores mantenham 100% do controle acionário e a liberdade de tomar decisões sem a interferência de investidores externos. É uma estratégia cada vez mais adotada por empreendedores que valorizam a autonomia e o crescimento orgânico sustentável.
Outra via popular é juntar-se a um programa de aceleração. Organizações como Techstars, Y Combinator e 500 Startups são referências internacionais que oferecem mentoria aprofundada, preparam para o fundraising, auxiliam no treinamento de pitch e conectam startups a uma vasta rede de contatos, incluindo potenciais investidores. Em troca, essas aceleradoras geralmente recebem uma participação acionária na empresa (cerca de 7%) e podem investir um capital inicial que varia entre US$20.000 e US$100.000.
Para startups que já validaram seu modelo de negócio e estão prontas para escalar, a captação direta de recursos com investidores é uma opção viável. Neste cenário, os empreendedores buscam investidores dispostos a aportar capital em troca de uma participação na empresa (equity), fornecendo o combustível necessário para o crescimento acelerado.
Saber o momento ideal para iniciar o processo de fundraising é crucial. Cada minuto dedicado à captação de recursos é um minuto a menos focado nas operações do negócio. Portanto, é essencial que as operações da startup estejam minimamente estáveis para que a busca por investidores não prejudique o dia a dia da empresa.
A receita é um fator cada vez mais determinante para investidores. Um estudo de 2019 da firma de investimento Wing Capital revelou uma tendência crescente de investimentos em startups que já possuem faturamento. Em 2010, apenas 9% dos acordos de investimento semente (seed deals) eram direcionados a empresas com receita. Em 2019, esse número saltou para 67%, e a estimativa para 2022, segundo Peverelli, era de que aproximadamente 80-85% dos investimentos fossem para startups com receita. Isso demonstra que estar mais avançado e preparado aumenta consideravelmente as chances de atrair investidores.
Existem diversos perfis de investidores, e entender suas características ajudará a direcionar sua estratégia de captação de forma mais eficaz.
Geralmente, a primeira rodada de investimento, que pode variar entre US$20.000 e US$50.000, vem do próprio fundador, de amigos e familiares. Este grupo investe baseado na confiança e no relacionamento com o empreendedor.
Como mencionado anteriormente, aceleradoras de startups investem capital em troca de participação, além de oferecerem suporte estratégico.
São indivíduos com alto patrimônio líquido (high-net-worth individuals) que investem seu capital pessoal em startups. Suas decisões podem ser motivadas por diferentes fatores, incluindo o potencial de retorno e o alinhamento com a visão da empresa.
Fundos de Venture Capital são investidores profissionais que gerenciam capital de terceiros (Limited Partners - LPs) para investir em startups com alto potencial de crescimento. Eles possuem diferentes focos de investimento (setor, estágio da empresa) e buscam retornos significativos, sendo remunerados por taxas de administração e de sucesso. Cada fundo de venture capital tem uma tese de investimento específica.
Abordar o fundraising de maneira estratégica pode aumentar significativamente suas chances de sucesso.
Assim como em vendas, o processo de captação com investidores é um funil. No topo, estão todos que ouviram falar da sua startup. O objetivo é ampliar esse alcance.
O primeiro passo prático é criar uma lista de potenciais investidores e pesquisar profundamente cada um deles. Plataformas como Crunchbase e AngelList são úteis para identificar investidores que atuam no seu setor e estágio. Verifique se eles têm capital disponível para investir no momento (fundos recém-levantados são mais ativos) e se o estágio da sua empresa se encaixa na tese de investimento deles.
Muitos investidores descobrem novas oportunidades através de "conectores". Pessoas que fazem a ponte entre a startup e o investidor. Os conectores mais críveis são:
Se um investidor já aportou capital na sua empresa ou está comprometido a fazê-lo, sua indicação para outros investidores tem grande peso.
Fundadores de outras startups, especialmente aqueles que já receberam investimento do investidor que você almeja, podem fornecer introduções valiosas. A confiança pré-existente facilita a conexão.
Advogados especializados em startups e rodadas de investimento possuem uma vasta rede de contatos com investidores e têm interesse em facilitar negócios, pois são remunerados no fechamento dos acordos.
Explore sua rede de contatos. Amigos envolvidos no ecossistema de negócios podem conhecer investidores ou pessoas que podem apresentá-lo.
Para facilitar o trabalho dos conectores, prepare um e-mail curto e objetivo, incluindo seu pitch deck de envio (sending deck), para que eles possam encaminhar facilmente.
A primeira reunião com um investidor não é para receber um cheque. O objetivo é conseguir a próxima reunião. Se você tem uma hora, use cerca de 20 minutos para o pitch e o restante para responder perguntas. É nesse momento que as dúvidas reais do investidor surgirão.
Investidores não esperam que você saiba tudo. Pelo contrário, eles valorizam empreendedores que são "coachable", ou seja, abertos a aprender e a receber feedback. Demonstre que você fez sua lição de casa, mas seja honesto sobre o que não sabe e esteja disposto a considerar os conselhos de quem tem mais experiência.
É comum investidores desaparecerem (ghosting) ou darem respostas vagas como "talvez". Entenda que, na maioria das vezes, isso significa um "não". Não perca tempo esperando por respostas que não virão. Continue sua prospecção e não se prenda a um único investidor.
Para agilizar o fechamento de rodadas, especialmente as iniciais, considere utilizar instrumentos como SAFE (Simple Agreement for Future Equity) ou Notas Conversíveis. Esses mecanismos permitem captar recursos sem a necessidade de definir imediatamente a avaliação (valuation) da empresa, postergando essa discussão para uma rodada futura e mais madura. Isso evita longas negociações sobre o valor da empresa em um estágio muito inicial.
Adicionalmente, criar um senso de urgência pode ser eficaz. Após gerar interesse de vários investidores, defina uma data de fechamento para a rodada. Isso pode incentivar os investidores a tomarem uma decisão mais rapidamente, aproveitando o "medo de ficar de fora" (FOMO - Fear Of Missing Out).
Captar recursos com investidores é um processo desafiador, mas com a estratégia certa, pesquisa e preparação, as chances de sucesso aumentam consideravelmente. Lembre-se da importância de construir relacionamentos, entender o perfil de cada investidor e, acima de tudo, focar no crescimento e na receita da sua startup, pois, como vimos, este é um dos principais atrativos para quem busca investir em novos negócios. Mantenha o profissionalismo, seja resiliente e lembre-se que cada "não" o aproxima do "sim" que pode impulsionar sua jornada empreendedora.
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