Levantar capital é frequentemente visto como o Santo Graal para fundadores de startups. No entanto, Christian Peverelli, da We Are No Code, alerta que essa jornada pode ser mais perigosa do que parece. Em uma análise perspicaz, Peverelli desmistifica a captação de recursos, argumentando que, embora crucial para alguns, o fundraising pode ser fatal para muitas startups, especialmente se abordado de forma equivocada ou no momento errado.
Peverelli inicia com um aviso importante: ele não é contra o fundraising. Reconhece que para certas startups, especialmente aquelas com modelos de negócios que exigem capital intensivo para escala rápida, buscar investimento é fundamental. Contudo, ele argumenta que para a maioria, essa não é a melhor rota, e há um tempo e lugar adequados para isso. Muitos fundadores caem na armadilha de acreditar que dinheiro resolverá todos os seus problemas, uma mentalidade que pode levar a decisões apressadas e prejudiciais.
A dinâmica do investimento mudou. Se antes uma boa apresentação (pitch deck) e uma equipe inteligente eram suficientes, hoje os investidores e aceleradoras, como destaca Peverelli, frequentemente exigem de três a seis meses de receita comprovada antes de sequer considerar um investimento. Isso significa que a validação do mercado e a tração inicial são mais importantes do que nunca. Para fundadores no ecossistema de desenvolvimento web e no-code, que Peverelli representa, isso pode significar a necessidade de focar primeiro em construir um produto viável e conquistar os primeiros clientes.
O primeiro grande risco que Christian Peverelli aponta é o custo de oportunidade. Para startups em estágio inicial, geralmente com equipes enxutas onde os fundadores acumulam múltiplas funções, dedicar tempo ao fundraising significa negligenciar outras áreas críticas do negócio.
A recomendação de Peverelli é clara: concentre-se primeiro em construir um negócio sólido. Valide sua ideia, desenvolva seu produto (MVP), conquiste seus primeiros usuários e gere receita. Com uma operação robusta e números que demonstram potencial, os investidores naturalmente se interessarão.
A segunda forma pela qual o fundraising pode prejudicar sua startup, segundo Christian Peverelli, é a pressão exercida pelos investidores, especialmente Venture Capitals (VCs).
VCs operam com um modelo de alto risco e alta recompensa. Como Peverelli explica, eles próprios são como startups, captando fundos de Limited Partners (LPs) – como fundos de pensão, seguradoras e fundações – com a promessa de retornos exponenciais. Estatisticamente, muitos dos investimentos de um VC falharão; portanto, os poucos que dão certo precisam gerar retornos massivos para compensar as perdas e remunerar os LPs e o próprio fundo. De acordo com dados da indústria, frequentemente citados em análises como as da CB Insights, apenas uma pequena fração dos investimentos de VCs se torna um grande sucesso.
Isso se traduz em uma pressão imensa sobre as startups investidas. Os VCs não estão interessados em negócios que crescem de forma constante e lucrativa para atingir um faturamento de, digamos, R$10 milhões ao ano. Eles buscam os chamados 'unicórnios' – empresas que podem atingir avaliações de centenas de milhões ou bilhões de dólares. Peverelli usa a expressão 'ir para a lua ou queimar tentando' para descrever essa mentalidade. Ao aceitar capital de VC, o fundador deve estar ciente de que está se alinhando a essa expectativa de crescimento explosivo, o que pode não ser adequado para todos os tipos de negócios ou todos os perfis de empreendedores.
O terceiro ponto levantado por Christian Peverelli é o risco de adiar a lucratividade indefinidamente.
Quando uma startup recebe investimento de VC, ela é, de certa forma, subsidiada. O capital recebido permite que a empresa invista pesadamente em crescimento (marketing, vendas, expansão) antes mesmo de gerar lucro. A estratégia aqui, muitas vezes ligada ao conceito de 'Blitzscaling', popularizado por Reid Hoffman, cofundador do LinkedIn, prioriza velocidade e domínio de mercado em detrimento da eficiência ou da lucratividade de curto prazo.
Essa abordagem, embora possa levar a um crescimento rápido, cria uma dependência de rodadas subsequentes de investimento para sustentar as operações. Peverelli alerta que levantar uma segunda rodada de investimento (Série A, por exemplo) é frequentemente muito mais difícil do que a primeira (Seed). A startup precisa demonstrar um progresso significativo e métricas ainda mais impressionantes. Se o crescimento não se materializa como esperado, ou se as condições de mercado mudam, a startup pode se encontrar em uma situação difícil, incapaz de levantar mais capital e sem um caminho claro para a lucratividade.
Dados da indústria, como os analisados pela CB Insights, mostram que uma grande porcentagem (cerca de 67%) das empresas que recebem investimento semente de VCs acabam estagnando ou falhando em levantar rodadas subsequentes ou realizar uma saída (exit) bem-sucedida.
A mensagem central de Christian Peverelli não é demonizar o fundraising, mas sim educar os fundadores. É vital que os empreendedores, especialmente no dinâmico setor de desenvolvimento web e tecnologia, compreendam as implicações de cada decisão financeira.
Alternativas como o bootstrapping (financiar o crescimento com as próprias receitas) devem ser consideradas. E, se o caminho do investimento for escolhido, que seja uma decisão consciente, no momento certo, com os parceiros certos e com pleno entendimento das expectativas e pressões envolvidas.
Em resumo, antes de correr atrás de investidores, certifique-se de que sua startup tem fundamentos sólidos, um produto que o mercado deseja e uma visão clara de como o capital será utilizado para alcançar um crescimento sustentável, ou, se for o caso, o crescimento exponencial que os VCs procuram. A decisão estratégica sobre o fundraising pode ser o divisor de águas entre o sucesso e o fracasso da sua startup.
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