Detectoristas de Metal Desenterram Impressionantes Artefatos Anglo-Saxões de Ouro e Granada

Detectoristas de Metal Desenterram Impressionantes Artefatos Anglo-Saxões de Ouro e Granada

Descoberta Áurea: Cabeça de Corvo e Anel Anglo-Saxões Revelados

Detectoristas de metal no sudoeste da Inglaterra fizeram uma descoberta extraordinária em janeiro de 2025: uma cabeça de corvo e um anel, ambos feitos de ouro e adornados com granadas, datados do período Anglo-Saxão, aproximadamente 1.400 anos atrás. Os artefatos, encontrados em um campo, são considerados por especialistas como de importância nacional e oferecem um vislumbre da rica cultura material e simbologia da época.

A Emoção da Descoberta e o Significado dos Artefatos Anglo-Saxões

Paul Gould, um detectorista relativamente novo do Ninth Region Metal Detecting Group, foi o primeiro a encontrar um objeto de metal achatado que inicialmente parecia ser um anel anglo-saxão. Pouco depois, seu colega Chris Phillips desenterrou a peça mais impressionante: uma cabeça de corvo decorada. Phillips descreveu o momento como "inacreditável" e emocionante, compartilhando a descoberta em seu canal do YouTube.

A cabeça de corvo, estimada em cerca de 57 gramas, apresenta um olho de granada e minúsculas esferas de ouro delineando as "penas" incrustadas com granada. O outro artefato é uma faixa de ouro, possivelmente um anel, com granadas triangulares incrustadas e pequenas contas de ouro. Especialistas acreditam que ambos os objetos datam do século VII.

O corvo possuía um simbolismo potente nas culturas germânicas e da Era Viking, frequentemente associado a Odin, o deus nórdico da guerra e da morte, que era acompanhado por dois corvos. Embora o significado exato desta cabeça de corvo específica ainda não seja claro, sua iconografia é um tema recorrente na arte anglo-saxã e nórdica, muitas vezes prenunciando o abate e o destino. Acredita-se que a cabeça de corvo possa ter sido originalmente um terminal de um chifre de beber. Similaridades com outras joias com motivos de pássaros e olhos de granada foram observadas em achados de tesouros famosos como Sutton Hoo e o Tesouro de Staffordshire, sugerindo possíveis conexões culturais e estilísticas.

Os artefatos agora passarão pelo processo legal estabelecido pelo Treasure Act do Reino Unido, que determina que objetos de metais preciosos com pelo menos 300 anos podem ser classificados como tesouro. O processo de avaliação e limpeza está sendo conduzido por especialistas do British Museum. Após a descoberta, a atividade de detecção de metais no local foi interrompida, e o oficial de ligação de achados (Finds Liaison Officer - FLO) de Wiltshire foi notificado, seguindo as diretrizes do Portable Antiquities Scheme (PAS). O PAS é um programa crucial que registra achados arqueológicos feitos pelo público, contribuindo significativamente para a compreensão da história e arqueologia.

Descobertas como esta, realizadas por detectoristas de metal, têm se mostrado cada vez mais valiosas para a arqueologia, revelando informações sobre assentamentos, práticas culturais e a vida cotidiana de períodos passados. A região de Norfolk e áreas adjacentes, por exemplo, são conhecidas pela riqueza de cemitérios e artefatos anglo-saxões. No entanto, a prática da detecção de metais é regulamentada no Reino Unido, exigindo permissão dos proprietários de terras e o cumprimento de leis específicas para proteger o patrimônio arqueológico.

O Contexto da Cultura Anglo-Saxônica

O período Anglo-Saxão na Inglaterra (aproximadamente do século V ao XI) foi uma era de transformações significativas, marcada pela migração de povos germânicos, a formação de reinos e a eventual unificação da Inglaterra. A arte e os artefatos desse período, como os recentemente descobertos, refletem uma rica tradição de trabalho em metal, joalheria e simbolismo complexo. O uso de ouro e granadas era comum em joias de alto status, indicando a riqueza e o poder de seus proprietários. O estudo desses objetos, juntamente com a análise de contextos arqueológicos e fontes textuais, como o poema épico Beowulf, permite aos historiadores e arqueólogos reconstruir aspectos da sociedade, religião e cultura anglo-saxônica.

A descoberta da cabeça de corvo e do anel de ouro e granada se junta a um crescente corpo de evidências que ilumina a sofisticação e a interconectividade do mundo anglo-saxão. Cada novo achado tem o potencial de reescrever ou enriquecer nossa compreensão de um período crucial na história inglesa.