Detectoristas de Metal Desenterram Impressionantes Artefatos Anglo-Saxões de Ouro e Granada

Por Mizael Xavier
Detectoristas de Metal Desenterram Impressionantes Artefatos Anglo-Saxões de Ouro e Granada

Descoberta Áurea: Cabeça de Corvo e Anel Anglo-Saxões Revelados

Detectoristas de metal no sudoeste da Inglaterra fizeram uma descoberta extraordinária em janeiro de 2025: uma cabeça de corvo e um anel, ambos feitos de ouro e adornados com granadas, datados do período Anglo-Saxão, aproximadamente 1.400 anos atrás. Os artefatos, encontrados em um campo, são considerados por especialistas como de importância nacional e oferecem um vislumbre da rica cultura material e simbologia da época.

A Emoção da Descoberta e o Significado dos Artefatos Anglo-Saxões

Paul Gould, um detectorista relativamente novo do Ninth Region Metal Detecting Group, foi o primeiro a encontrar um objeto de metal achatado que inicialmente parecia ser um anel anglo-saxão. Pouco depois, seu colega Chris Phillips desenterrou a peça mais impressionante: uma cabeça de corvo decorada. Phillips descreveu o momento como "inacreditável" e emocionante, compartilhando a descoberta em seu canal do YouTube.

A cabeça de corvo, estimada em cerca de 57 gramas, apresenta um olho de granada e minúsculas esferas de ouro delineando as "penas" incrustadas com granada. O outro artefato é uma faixa de ouro, possivelmente um anel, com granadas triangulares incrustadas e pequenas contas de ouro. Especialistas acreditam que ambos os objetos datam do século VII.

O corvo possuía um simbolismo potente nas culturas germânicas e da Era Viking, frequentemente associado a Odin, o deus nórdico da guerra e da morte, que era acompanhado por dois corvos. Embora o significado exato desta cabeça de corvo específica ainda não seja claro, sua iconografia é um tema recorrente na arte anglo-saxã e nórdica, muitas vezes prenunciando o abate e o destino. Acredita-se que a cabeça de corvo possa ter sido originalmente um terminal de um chifre de beber. Similaridades com outras joias com motivos de pássaros e olhos de granada foram observadas em achados de tesouros famosos como Sutton Hoo e o Tesouro de Staffordshire, sugerindo possíveis conexões culturais e estilísticas.

O Processo Legal e a Importância para a Arqueologia Anglo-Saxônica

Os artefatos agora passarão pelo processo legal estabelecido pelo Treasure Act do Reino Unido, que determina que objetos de metais preciosos com pelo menos 300 anos podem ser classificados como tesouro. O processo de avaliação e limpeza está sendo conduzido por especialistas do British Museum. Após a descoberta, a atividade de detecção de metais no local foi interrompida, e o oficial de ligação de achados (Finds Liaison Officer - FLO) de Wiltshire foi notificado, seguindo as diretrizes do Portable Antiquities Scheme (PAS). O PAS é um programa crucial que registra achados arqueológicos feitos pelo público, contribuindo significativamente para a compreensão da história e arqueologia.

Descobertas como esta, realizadas por detectoristas de metal, têm se mostrado cada vez mais valiosas para a arqueologia, revelando informações sobre assentamentos, práticas culturais e a vida cotidiana de períodos passados. A região de Norfolk e áreas adjacentes, por exemplo, são conhecidas pela riqueza de cemitérios e artefatos anglo-saxões. No entanto, a prática da detecção de metais é regulamentada no Reino Unido, exigindo permissão dos proprietários de terras e o cumprimento de leis específicas para proteger o patrimônio arqueológico.

O Contexto da Cultura Anglo-Saxônica

O período Anglo-Saxão na Inglaterra (aproximadamente do século V ao XI) foi uma era de transformações significativas, marcada pela migração de povos germânicos, a formação de reinos e a eventual unificação da Inglaterra. A arte e os artefatos desse período, como os recentemente descobertos, refletem uma rica tradição de trabalho em metal, joalheria e simbolismo complexo. O uso de ouro e granadas era comum em joias de alto status, indicando a riqueza e o poder de seus proprietários. O estudo desses objetos, juntamente com a análise de contextos arqueológicos e fontes textuais, como o poema épico Beowulf, permite aos historiadores e arqueólogos reconstruir aspectos da sociedade, religião e cultura anglo-saxônica.

A descoberta da cabeça de corvo e do anel de ouro e granada se junta a um crescente corpo de evidências que ilumina a sofisticação e a interconectividade do mundo anglo-saxão. Cada novo achado tem o potencial de reescrever ou enriquecer nossa compreensão de um período crucial na história inglesa.

Mizael Xavier

Mizael Xavier

Desenvolvedor e escritor técnico

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