Durante o Google I/O, um dos eventos mais aguardados no mundo da tecnologia, Demis Hassabis, CEO do Google DeepMind, e Sergey Brin, cofundador do Google, subiram ao palco para discutir, entre outros temas, o futuro da Inteligência Artificial Geral (AGI). No entanto, um dos momentos mais intrigantes da conversa surgiu quando Hassabis foi questionado sobre uma teoria popular: estaríamos vivendo em uma simulação?
Confrontado com a questão "Estamos em uma simulação?", Demis Hassabis ofereceu uma resposta matizada, distanciando-se da interpretação popularizada por pensadores como Nick Bostrom, que frequentemente compara a simulação a um tipo de jogo. Hassabis afirmou: "Não da maneira que, você sabe, Nick Bostrom e as pessoas falam sobre isso."
Em vez disso, ele propõe uma visão mais fundamental: "Eu acho, eu penso que, em última análise, a física subjacente é a teoria da informação. Então, eu acho que estamos em um universo computacional, mas não é apenas uma simulação direta." Essa perspectiva sugere que as leis fundamentais do nosso universo podem ser inerentemente computacionais, processando informação de maneiras que ainda estamos começando a compreender. Ele mencionou que, embora tenha escrito muitos jogos, não acredita que nossa realidade seja simplesmente um jogo.
Hassabis citou o trabalho do Google DeepMind com sistemas como o AlphaGo e o AlphaFold como exemplos de como a IA pode modelar estruturas reais e complexas da natureza, achando isso "bastante interessante e revelador". Ele inclusive mencionou a possibilidade de escrever um artigo científico sobre o que essas descobertas realmente significam para a nossa compreensão da realidade.
A discussão também abordou o conceito de "paradigma de pensamento" na IA, uma evolução observada desde os primeiros trabalhos com AlphaGo e AlphaZero. Hassabis explicou que esses sistemas avançados incorporam um "tipo de atributo de um sistema de pensamento sobreposto a um modelo" base. A diferença de performance é notável: enquanto um modelo sem esse sistema de pensamento pode atingir um nível de mestre em jogos como xadrez ou Go, a adição dessa camada de "pensamento" eleva o desempenho para muito além do nível de campeão mundial, uma diferença que ele quantificou como "cerca de 600 pontos ELO a mais".
O desafio, segundo Hassabis, reside na complexidade de construir "modelos de mundo" precisos, que são significativamente mais difíceis de desenvolver do que modelos para jogos simples. Esses modelos de mundo, essenciais para uma IA verdadeiramente geral, podem apresentar erros que se acumulam e se agravam com o tempo e em planejamentos de longo prazo.
O entrevistador, Alex Kantrowitz, questionou se esse "pensamento profundo" (deep think) seria um dos mecanismos chave para alcançar a Inteligência Artificial Geral (AGI). Hassabis concordou que é "talvez parte de um", mas ressaltou que outros avanços são necessários.
"Onde surge a verdadeira invenção?", ponderou Hassabis, referindo-se à capacidade de não apenas resolver conjecturas matemáticas, mas de propor novas teorias, como em física. Ele acredita que ainda não possuímos sistemas capazes desse tipo de criatividade, mas que "estão chegando". Para ele, paradigmas como o "deep thinking" podem ser úteis, mas são cruciais os avanços na precisão dos modelos de mundo que a IA constrói.
Hassabis mencionou um modelo avançado do Google (possivelmente referindo-se a desenvolvimentos internos ou a modelos como o VEO, que demonstram intuição sobre física) que o impressiona pela capacidade de "intuir a física da luz e da gravidade", mesmo tendo sido treinado apenas com pixels, sem conhecimento explícito de física. Isso sugere que os modelos estão aprendendo representações mais profundas da realidade.
As reflexões de Demis Hassabis no Google I/O abrem uma janela fascinante para o estado da arte da pesquisa em Inteligência Artificial. A ideia de um "universo computacional" e a busca por sistemas de IA com capacidade de "pensamento profundo" e verdadeira invenção não são apenas desafios técnicos, mas também filosóficos.
O potencial artigo científico de Hassabis sobre o que os avanços em IA revelam sobre a natureza da realidade é aguardado com expectativa. À medida que a IA desvenda mais sobre o universo, nossa própria compreensão da existência pode ser profundamente transformada. O trabalho contínuo do Google DeepMind, focado em construir modelos de mundo cada vez mais precisos e em desenvolver paradigmas de pensamento mais sofisticados, será fundamental nessa jornada rumo à AGI e, talvez, a uma nova compreensão do cosmos.
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