Jiló: Como Fazer, Seus Segredos e Benefícios Além do Amargor

Por Mizael Xavier
Jiló: Como Fazer, Seus Segredos e Benefícios Além do Amargor

Desvendando o Jiló: Origem, Características e Potencial Culinário

O jiló (Solanum aethiopicum), fruto de sabor peculiarmente amargo, é uma hortaliça que intriga e conquista paladares. Originário da África Ocidental, foi introduzido no Brasil durante o período colonial, tornando-se um ingrediente tradicional em diversas regiões, especialmente no Sudeste e Centro-Oeste. Pertencente à família das solanáceas, a mesma da berinjela e do tomate, o jiloeiro é uma planta herbácea que se desenvolveu bem em solo brasileiro. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) destaca que o jiló é cultivado principalmente na região sudeste do Brasil, com o Rio de Janeiro sendo um dos maiores produtores. No Brasil, as variedades mais comuns são a "Comprido Verde Claro" e a "Morro Redondo".

Apesar do amargor ser sua característica mais marcante, o jiló é um alimento de grande valor nutricional. É rico em água, fibras, vitaminas A, do complexo B e C, além de minerais como cálcio, fósforo, ferro e potássio. De acordo com a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO), 100 gramas de jiló cru contêm aproximadamente 27 calorias, 6,2g de carboidratos e 1,4g de proteínas, sendo uma opção leve e saudável.

Como Fazer Jiló: Técnicas para Suavizar o Amargor

O principal desafio ao preparar o jiló é lidar com seu sabor amargo. Felizmente, existem diversas técnicas culinárias que ajudam a suavizar essa característica, tornando o fruto mais palatável para diferentes gostos. Uma das mais populares é deixar o jiló de molho. Cortar o jiló em rodelas ou pedaços e mergulhá-lo em água com sal por cerca de 15 a 40 minutos é uma prática comum. Alguns recomendam trocar a água algumas vezes durante esse processo. Outra técnica envolve o uso de limão: cozinhar o jiló cortado em água com suco de limão por aproximadamente 5 minutos antes do preparo final. Há também quem utilize uma mistura de bicarbonato de sódio e vinagre na água do molho.

Receitas Clássicas e Inovadoras com Jiló

A versatilidade do jiló na cozinha é surpreendente. Ele pode ser preparado de inúmeras formas, agradando desde os paladares mais tradicionais até os que buscam novas experiências gastronômicas.

Jiló Refogado Simples

O jiló refogado é, talvez, a forma mais clássica de preparo. Basta cortar o jiló em rodelas ou cubos e refogá-lo com alho, cebola e temperos a gosto, como sal, pimenta-do-reino e cheiro-verde. Um fio de azeite ou manteiga na panela ajuda a realçar o sabor. Alguns adicionam um pouco de água durante o cozimento para que ele fique mais macio.

Jiló Frito Crocante

Para quem aprecia uma textura crocante, o jiló frito é uma excelente pedida. Cortado em rodelas finas, pode ser passado em farinha de trigo ou fubá antes de ser frito em óleo quente até dourar. Uma variação interessante são os chips de jiló, onde as rodelas são deixadas de molho no sal para desidratar um pouco antes de serem fritas, resultando em uma textura ainda mais crocante. O site Panelinha, da culinarista Rita Lobo, sugere secar bem as rodelas após o molho no sal e antes de fritar.

Outras Preparações com Jiló

As possibilidades não param por aí. O jiló pode ser recheado, utilizado em farofas, omeletes, à parmegiana e até em conservas. Uma receita de refogado indiano de jiló, publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, mostra a adaptabilidade do fruto a diferentes culinárias, utilizando especiarias como cominho, mostarda em grãos e cúrcuma. Saladas de jiló cru, bem temperadas, também são uma opção refrescante.

Benefícios do Jiló para a Saúde

Além de sua versatilidade culinária, o consumo de jiló oferece diversos benefícios à saúde. Sua riqueza em fibras contribui para o bom funcionamento do sistema digestivo, promovendo a saciedade e auxiliando no controle do peso. As fibras também ajudam a regular os níveis de colesterol. A presença de vitaminas como a A é importante para a saúde ocular, enquanto a vitamina C fortalece o sistema imunológico. O potássio presente no jiló pode auxiliar no controle da pressão arterial.

Pesquisas indicam que o jiló possui flavonoides, compostos com ação antioxidante que protegem as artérias. Curiosamente, o sabor amargo do jiló pode estimular a salivação, o que, por sua vez, pode ajudar a combater o mau hálito devido à ação bactericida da saliva. A Secretaria de Saúde do Estado do Espírito Santo e a Ceasa Goiás são algumas das instituições que divulgam os benefícios deste fruto.

Dominar a arte de como fazer jiló é descobrir um universo de sabores e texturas que vão muito além do seu amargor inicial. Experimentar diferentes técnicas de preparo e receitas é o caminho para apreciar todas as qualidades deste fruto tão presente na cultura brasileira.

Mizael Xavier

Mizael Xavier

Desenvolvedor e escritor técnico

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