Caso da Fraude nos Cartões de Vacina de Bolsonaro Arquivado pelo STF

Por Mizael Xavier
Caso da Fraude nos Cartões de Vacina de Bolsonaro Arquivado pelo STF

STF Arquiva Investigação Contra Jair Bolsonaro por Fraude em Cartão de Vacina

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o arquivamento da investigação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro referente à suposta fraude em seu cartão de vacinação contra a Covid-19. A decisão, proferida em 28 de março de 2025, acatou um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). A PGR argumentou que não havia provas suficientes para corroborar a acusação de que Bolsonaro teria ordenado a inserção de dados falsos nos registros de vacinação, alegação feita em delação premiada pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do então presidente. O ministro Moraes concordou com o entendimento da PGR, ressaltando que a legislação brasileira impede o recebimento de denúncia baseada unicamente nas declarações de um colaborador. A investigação também foi encerrada para o deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ), e o caso dos demais investigados foi remetido à Justiça do Distrito Federal, pois não há mais autoridades com foro privilegiado envolvidas.

O Pedido de Arquivamento da PGR no Caso da Fraude do Cartão de Vacina

Em 27 de março de 2025, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, solicitou ao STF o arquivamento do inquérito. Gonet afirmou que, embora Mauro Cid tenha declarado que Bolsonaro ordenou a falsificação, não foram encontradas provas que sustentassem essa versão. Ele destacou que a Lei nº 12.850/2013 proíbe que uma denúncia se baseie exclusivamente nas declarações de um delator, exigindo que tais informações sejam corroboradas por outras provas. O procurador-geral também diferenciou este caso da investigação sobre a trama golpista, na qual, segundo ele, foram produzidas provas autônomas que confirmaram os relatos do colaborador. A PGR também apontou que não há indícios de que o certificado de vacinação supostamente fraudado tenha sido utilizado e que, no caso do deputado Gutemberg Reis, existem elementos que indicam que ele de fato se vacinou, incluindo postagens em redes sociais incentivando a imunização.

Repercussão e Detalhes da Investigação sobre a Fraude no Cartão de Vacina

A Polícia Federal (PF) havia concluído, em março de 2024, que Jair Bolsonaro teria cometido os crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema de informação. Segundo a PF, Bolsonaro teria agido com consciência e vontade para fraudar sua carteira de vacinação, determinando que Mauro Cid intermediasse a inserção dos dados falsos no sistema do Ministério da Saúde em seu benefício e de sua filha. Os investigadores afirmaram que os certificados adulterados foram impressos no Palácio da Alvorada e entregues ao então presidente. A PF também apontou que o objetivo do grupo seria manter coeso o elemento identitário em relação a pautas ideológicas, como o discurso contra a vacinação. O ex-presidente Jair Bolsonaro comemorou o pedido de arquivamento, afirmando que o inquérito era frágil e que não havia provas contra ele, servindo apenas para "pesca probatória" e para pressionar seus ex-assessores. Mauro Cid, por sua vez, teria atuado como articulador da emissão de cartões falsos também para seus familiares.

Contexto da Investigação da Fraude no Cartão de Vacina

A investigação, denominada Operação Venire, apurou que os crimes teriam ocorrido entre novembro de 2021 e dezembro de 2022. A adulteração dos cartões de vacinação de Bolsonaro e sua filha teria acontecido em 21 de dezembro de 2022, pouco antes de sua viagem aos Estados Unidos. Seis dias após a inserção, os registros foram apagados sob a alegação de "erro". Durante esse período, no entanto, foi emitido um certificado de vacinação em inglês para a filha do ex-presidente. A PF suspeitava que a falsificação visava burlar as restrições sanitárias impostas por Brasil e Estados Unidos devido à pandemia de Covid-19. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também foi mencionada na investigação como suspeita de ter o certificado de vacinação falsificado para viajar aos EUA, embora ela tenha afirmado que seu celular não foi apreendido durante a operação. Sobre Mauro Cid, Michelle Bolsonaro declarou que ele apenas pagava suas contas com dinheiro da conta pessoal de Bolsonaro, sem envolvimento de recursos públicos.

Mizael Xavier

Mizael Xavier

Desenvolvedor e escritor técnico

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