Cabotegravir: A Revolução Injetável na Prevenção do HIV Chega ao Brasil

Aprovação do Cabotegravir pela Anvisa: Um Novo Horizonte na Prevenção do HIV
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou recentemente o registro do Apretude® (cabotegravir), um medicamento injetável de longa duração para a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) ao HIV. Essa aprovação representa um marco significativo na luta contra o HIV no Brasil, oferecendo uma nova e promissora alternativa à PrEP oral diária. O cabotegravir é um antirretroviral da classe dos inibidores da integrase, que impede a inserção do DNA viral do HIV no DNA humano, bloqueando a replicação do vírus. O medicamento é indicado para adultos e adolescentes a partir de 12 anos, com peso mínimo de 35 kg, e que tenham risco aumentado de infecção pelo HIV.
Como Funciona o Cabotegravir Injetável?
O cabotegravir injetável é administrado por via intramuscular na região glútea. O esquema inicial consiste em duas injeções com intervalo de um mês, seguidas por injeções de manutenção a cada dois meses. Essa posologia reduz drasticamente a frequência de administração em comparação com a PrEP oral, que exige a tomada diária de um comprimido. Essa característica pode levar a uma maior adesão ao tratamento preventivo, um dos grandes desafios da PrEP oral. Antes de iniciar o tratamento com o cabotegravir injetável, é recomendada a utilização do cabotegravir em comprimidos por um curto período para avaliar a tolerabilidade do indivíduo ao medicamento. É crucial ressaltar que a PrEP, seja ela oral ou injetável, é indicada apenas para pessoas com testagem negativa para o HIV, e testes regulares são necessários antes do início e durante o tratamento.
Estudos Comprovam a Eficácia do Cabotegravir
A eficácia e segurança do cabotegravir foram demonstradas em estudos clínicos importantes, como o HPTN 083 e o HPTN 084. O estudo HPTN 083, realizado com homens que fazem sexo com homens e mulheres transexuais, mostrou que o cabotegravir injetável foi superior à PrEP oral em termos de eficácia na prevenção da infecção pelo HIV. Resultados semelhantes foram observados no estudo HPTN 084, que incluiu mulheres cisgênero na África Subsaariana. Ambos os estudos destacaram a alta eficácia do cabotegravir. No Brasil, centros de pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) participaram desses estudos e atualmente conduzem pesquisas sobre a implementação do cabotegravir no Sistema Único de Saúde (SUS).
Cabotegravir e a PrEP no Brasil
A PrEP oral já é uma realidade no SUS desde 2017, beneficiando milhares de brasileiros. No entanto, a adesão ao tratamento diário pode ser um desafio para alguns grupos. O cabotegravir injetável surge como uma alternativa importante, com potencial para aumentar a adesão e, consequentemente, a efetividade da prevenção, especialmente entre populações mais jovens e vulneráveis. Estudos de implementação, como o ImPrEP CAB Brasil, realizado pela Fiocruz, têm demonstrado uma preferência significativa pela PrEP injetável e uma maior taxa de adesão em comparação com a PrEP oral.
Desafios e Próximos Passos para o Cabotegravir
Apesar da aprovação pela Anvisa, a disponibilização do cabotegravir no mercado brasileiro ainda depende da definição de preços pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). A sua incorporação no SUS será avaliada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec). Negociações entre o Ministério da Saúde, a Fiocruz e a farmacêutica ViiV Healthcare (uma colaboração da GSK, Pfizer e Shionogi), desenvolvedora do medicamento, estão em andamento para viabilizar o acesso gratuito ao cabotegravir pelo SUS. A transferência de tecnologia para produção nacional também é uma possibilidade aventada para reduzir custos e acelerar a implementação. A chegada do cabotegravir representa um avanço significativo na prevenção combinada do HIV, oferecendo mais uma ferramenta poderosa para o controle da epidemia no Brasil. Contudo, é fundamental que o acesso a essa nova tecnologia seja equitativo, alcançando as populações que mais precisam.
