Iniciar uma startup é uma jornada repleta de desafios e aprendizados. Christian Peverelli, co-diretor da WeAreNoCode, uma plataforma que ensina empreendedores não técnicos a construir e escalar seus negócios, compartilha insights valiosos sobre os equívocos mais dispendiosos que podem comprometer o futuro de uma jovem empresa. Com base em sua experiência analisando centenas de candidaturas para programas de aceleração, Peverelli identificou padrões de erros que custam não apenas rios de dinheiro, mas também anos preciosos de trabalho. Neste artigo, exploraremos esses erros e como você, fundador de startup, pode evitá-los.
Muitos fundadores de startups, especialmente aqueles em estágio inicial, acabam incorrendo em despesas significativas que poderiam ser evitadas com um planejamento mais estratégico e foco na validação do mercado. A seguir, detalhamos os três erros mais caros.
O primeiro e, de longe, o erro mais caro que fundadores de startups cometem é contratar desenvolvedores para construir seu produto logo no início. Peverelli explica que o processo geralmente começa com uma ideia que o fundador acredita ser brilhante. Sem habilidades técnicas, a reação imediata é procurar quem possa transformar essa ideia em um aplicativo, site ou plataforma.
As cotações para desenvolver um produto podem variar entre R$30.000 a mais de R$100.000. No entanto, o maior problema não é apenas o custo financeiro inicial. Christian Peverelli alerta que, na maioria das vezes, existe uma grande discrepância entre a visão do fundador, o que ele acredita que o mercado precisa e a realidade do mercado quando o produto é lançado. Isso leva à construção do produto errado para a pessoa errada, resultando em nenhuma demanda. De fato, como apontado em estudos sobre o mercado de aplicativos, como os divulgados pela Statista, cerca de 90% dos aplicativos nas lojas são "zumbis", ou seja, não são utilizados, muitas vezes por falta de necessidade de mercado.
Além disso, há o 'product creep' (aumento gradual do escopo do produto) e as contas contínuas de desenvolvimento para ajustes e novas funcionalidades, inflando ainda mais os custos. Uma dica profissional de Peverelli é: se uma agência de desenvolvimento não questiona o escopo do seu primeiro produto e está disposta a construir tudo que você pede, isso é um grande sinal de alerta (red flag). Provavelmente, eles estão mais interessados nas horas faturadas do que no sucesso da sua startup.
Em vez de construir um produto completo e caro, a abordagem correta é focar no Produto Mínimo Viável (MVP). O MVP é a versão mais simples do seu produto que permite entregar valor ao cliente e coletar feedback essencial para as próximas iterações. Evite criar um produto "inchado", com funcionalidades excessivas que o tornam confuso e difícil de escalar. Lembre-se que o primeiro canivete suíço de sucesso era simples, e não a versão com centenas de ferramentas.
O segundo erro dispendioso é contratar uma agência de marketing muito cedo. Frequentemente, isso está conectado ao primeiro erro: após construir um produto que ninguém quer, os fundadores de startups pensam que o problema é a falta de marketing.
Agências de marketing geralmente trabalham com contratos mínimos de três meses, custando entre R$3.000 e R$10.000 mensais. Para uma startup em estágio inicial, isso representa uma despesa enorme, especialmente quando o foco deveria ser validar o product-market fit (encaixe do produto no mercado) e o product-channel fit (encaixe do produto nos canais de distribuição). Peverelli enfatiza que, nesta fase, é crucial que o fundador esteja diretamente envolvido na aquisição dos primeiros clientes para obter insights valiosos. Terceirizar o marketing cedo demais pode desconectar o fundador do cliente final e impedir a coleta desse feedback vital.
Em vez de investir em marketing pago imediatamente, o ideal é encontrar o 'beachhead market' (o primeiro nicho de mercado a ser conquistado) e adquirir os primeiros 100 clientes manualmente. Isso envolve conversar diretamente com potenciais usuários, entender suas dores, objeções e refinar a sua oferta. Ao fazer isso, você estará, na prática, fazendo uma "engenharia reversa" das objeções, aprendendo a comunicar o valor do seu produto da forma mais eficaz.
O terceiro erro comum envolve uma série de despesas desnecessárias que os fundadores de startups costumam ter no início da jornada.
Muitos fundadores de startups correm para formalizar a empresa e obter um CNPJ antes mesmo de validar a ideia de negócio. Essa formalização pode custar de centenas a milhares de reais. Peverelli aconselha a testar o mercado primeiro. A necessidade de uma entidade corporativa geralmente surge quando é preciso abrir uma conta bancária empresarial ou emitir notas fiscais, o que só faz sentido após as primeiras vendas e a confirmação de que o negócio tem potencial de lucratividade.
Outra despesa significativa é a contratação de advogados para elaborar toda a documentação legal da startup. Um exemplo citado por Peverelli foi o de uma amiga que gastou R$15.000 iniciais com advogados, mais um honorário mensal de R$5.000. Isso pode ser um fardo pesado para uma empresa nascente. Felizmente, existem recursos como o Cooley GO, um site de um grande escritório de advocacia focado em startups de tecnologia, que oferece gratuitamente modelos de documentos (templates) para diversas necessidades, como acordos de investimento, contratos de cofundadores, entre outros. Caso a contratação de um advogado seja indispensável, Peverelli sugere negociar o pagamento diferido dos honorários, atrelando-o, por exemplo, a futuras rodadas de investimento.
Registrar patentes e marcas muito cedo também é um erro comum. Esses processos são caros, demorados e, francamente, pouco úteis para uma startup que ainda não tem um negócio gerador de receita e validado pelo mercado. O foco inicial deve ser em construir algo que as pessoas queiram e estejam dispostas a pagar.
Evitar esses três erros caros pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso de uma startup. A mensagem central de Christian Peverelli é clara: fundadores de startups devem priorizar a validação da ideia no mercado, iterar rapidamente com base no feedback dos clientes e manter uma estrutura enxuta, especialmente nos estágios iniciais. Ferramentas no-code, como as ensinadas pela WeAreNoCode, podem ser grandes aliadas para empreendedores não técnicos testarem suas ideias sem a necessidade de grandes investimentos em desenvolvimento. Ao focar no que realmente importa – criar valor para o cliente e validar seu modelo de negócio – você aumenta significativamente suas chances de construir uma empresa sustentável e bem-sucedida.
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